Arcebispo anglicano de York diz que começar a oração que Cristo ensinou com “Pai Nosso” pode ser “problemático”
De acordo com o arcebispo protestante Stephen Cottrell, a expressão remete a “um controle opressivamente patriarcal da vida” e pode gerar desconforto a vítimas de pais abusivos.
Ao discursar durante sessão do Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra, na última sexta-feira (7), o arcebispo de York, Reverendíssimo Stephen Cottrell, disse considerar “problemático” começar a oração milenar ensinada pelo próprio Cristo com os termos “Pai Nosso”.
De acordo com o arcebispo, a expressão remete a “um controle opressivamente patriarcal da vida” e pode gerar desconforto a vítimas de pais abusivos.
“Se este Deus a quem oramos é 'Pai', então todos os cristãos são 'membros da família, a casa de Deus' [...] Sim, eu sei que a palavra 'Pai' é problemática para aqueles cuja experiência de pais terrenos tem sido destrutiva e abusiva, e para todos nós que trabalhamos demais devido a um controle opressivamente patriarcal da vida", afirmou Cottrell ao seguir com uma explicação sobre o significado da palavra "nosso".
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Desde o início do ano, a Igreja da Inglaterra está discutindo a possibilidade de se referir a Deus com termos “neutros”. A ideia é impedir padres de usarem os pronomes “Ele” e “Dele” nas orações.
Stephen Cottrell foi escolhido para ocupar o segundo cargo mais importante da Igreja da Inglaterra depois de atuar publicamente em defesa da celebração de casamento para pessoas do mesmo sexo.
Apesar de ter raízes no catolicismo, a Igreja Anglicana aderiu a mudanças promovidas pela Reforma Protestante do século XVI e passou a reconhecer apenas dois sacramentos: o batismo e a eucaristia; enquanto na Igreja Católica Romana, os sacramentos são sete.
Reação
O presidente do grupo ortodoxo anglicano, Chris Sugden, criticou a fala do arcebispo e disse que ele está tentando mudar as palavras de Cristo em nome da “cultura”.
“O Arcebispo de York está dizendo que Jesus estava errado ou que Jesus não tinha consciência pastoral? Não acredito que ele esteja fazendo isso conscientemente, mas é essa a impressão que dá. Parece ser emblemático a abordagem de alguns líderes da igreja para seguir suas sugestões da cultura em vez das escrituras [...] Se as pessoas tiveram um relacionamento difícil com seus pais humanos, então a opção aberta a elas é dizer que você pode redescobrir a verdadeira natureza da paternidade por meio de Cristo”, disse Sugden.
Ian Paul, outro membro do Sínodo, disse que o arcebispo está certo ao dizer que muitas pessoas acham a linguagem do 'Pai' difícil por causa de sua própria experiência com os pais, porém, “é assim que Jesus nos revela Deus”.
“Não temos liberdade para rejeitar este ensino claro e consistente das Escrituras”, concluiu Paul.
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