Alexandre Garcia é investigado pela AGU por supostas "fake news" sobre desastres no RS; entenda o caso
Alegações de desinformação geram polêmica em meio às tragédias causadas por temporais no Rio Grande do Sul; Alexandre Garcia é investigado pela AGU e Stefanny Papaiano sofre ataque de bots pela esquerda
Por pedido do advogado-geral da União, Jorge Messias, a Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia (PNDD), da Advocacia Geral da União (AGU), investigará o jornalista Alexandre Garcia por supostamente espalhar informações falsas sobre as fortes chuvas e enchentes que deixaram quase 50 pessoas mortas no Estado.
No programa "Oeste Sem Filtro", na Revista Oeste, Garcia apareceu com uma nova perspectiva sobre as tragédias, questionando a relação entre a construção de represas no governo petista e a suposta abertura das comportas, que teria contribuído para as enchentes e mortes. Essa afirmação gerou um debate público e levou o advogado-geral da União, Jorge Messias, a ordenar uma investigação sobre as declarações de Garcia, alegando que elas contribuíram para a disseminação de "desinformação".
Segundo o jornalista, “no governo petista foram construídas, ao contrário do que recomendavam as medições ambientais, 3 represas pequenas, que aparentemente abriram as comportas ao mesmo tempo. Isso causou uma enxurrada”.
A esquerda alegou que as falas de Garcia estavam, na verdade, responsabilizando a esquerda por "abrir as comportas" e assassinar as vítimas.
— Douglas Garcia (@DouglasGarcia) September 11, 2023
Além disso, a advogada e comentarista Stefanny Papaiano fez boletim de ocorrência em relação a uma controversa envolvendo essa disseminação de supostas "fake news" relacionadas aos recentes temporais que assolaram o Rio Grande do Sul. Após o vídeo de uma mulher alegando que o governo do presidente empossado Luis Inácio Lula da Silva (PT) teria barrado as doações para as vítimas, a comentarista pediu apuração, mas está sendo rechaçada com uma perseguição cibernética pela esquerda.
— Steh Papaiano (@Steh_Papaiano) September 12, 2023
O início da polêmica
No dia 31 de agosto, o governo do Rio Grande do Sul emitiu os primeiros alertas sobre a ameaça de temporais que resultaram em enchentes, destruição e trágicas mortes em 85 cidades. Ao longo desse período, quatro alertas foram emitidos para conscientizar a população sobre os riscos iminentes.
Em seu último boletim, divulgado às 18h30 de domingo (10), a Defesa Civil do Rio Grande do Sul informou que subiu para 46 o número de mortes causadas pelo ciclone extratropical que passou por diversas cidades do Estado na última semana. O número de desaparecidos continua em 46, sendo 30 em Muçum, 8 em Lajeado e 8 em Arroio do Meio.
Entretanto, nas redes sociais, começaram a circular "fake news", alegando que as doações para as vítimas haviam sido interrompidas por orientação do governo federal. Autoridades federais, incluindo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), rapidamente negaram essas alegações e destacaram que o governo já havia destinado R$ 741 milhões para auxiliar as cidades afetadas, reforçando o compromisso com o estado do Rio Grande do Sul.
“Alerta de fake news: É falsa a informação de que doações teriam parado de ser distribuídas em Lajeado (RS) por orientação do Governo Federal. O Governo já destinou R$ 741 milhões para atender as cidades atingidas, e segue dando todo o apoio necessário para os municípios do Rio Grande do Sul”, escreveu a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), na rede social X.
Em meio a esse cenário, o deputado federal Gustavo Gayer acusou o presidente petista de bloquear a distribuição de doações na região para tirar fotos com elas e com as vítimas. Naturalmente, a acusação amplificou a controvérsia:
"LULA proíbe que doações para as famílias atingidas no RS sejam entregues até que ele possa chegar para "tirar fotos". Isso é um absurdo!", publicou.
Stefanny Papaiano, por sua vez, expressou preocupação com os rumores que circulavam nas redes sociais, pedindo que a veracidade das informações fosse apurada. Ela postou: "Há denúncias que as doações da tragédia do Rio Grande do Sul não podem ser distribuídas até o egresso etílico descondenado retornar do passeio na Índia… todas as denúncias dizem que estão segurando as doações pra 'esperar a foto com o Presidente Lula' - ESSE ABSURDO PRECISA SER APURADO! [sic]".
No entanto, a postagem de Stefanny Papaiano foi interpretada maliciosamente pela esquerda, que a acusou de disseminar "fake news" ao exigir a apuração das alegações. O jornalista Leandro Demori, primeiramente, convocou seus seguidores a denunciarem o perfil de Papaiano, acirrando ainda mais a polêmica. "Falso. Denunciem a conta", publicou Demori.
Papaiano, em resposta a Demori, pediu esclarecimentos, buscando compreender qual parte de sua publicação era considerada falsa. "Olá, Demori. Tudo bem? O que é falso? O questionamento ou as denuncias? Você pode ser mais especifico? Qual conta tem que ser denunciada? Por favor, seja ESPECÍFICO [sic]", questionou Papaiano.
Demori reforçou a chamada para denunciar a conta de Papaiano, alegando que ela estava prejudicando aqueles que buscavam informações legítimas sobre a tragédia.
"Denunciem a conta. Cliquem em denunciar, escolham a opção sobre informações falsas e enviem pro Twitter. É rápido e fácil. Tem seres humanos procurando seus familiares desaparecidos enquanto contas como essa pisoteiam no sofrimento alheio. Denunciem", respondeu Demori.
Ação coordenada e ataques a papaiano
Por fim, o caso tomou uma reviravolta quando o Canal Visão Pátria alegou ter identificado uma ação coordenada de denúncias contra Stefanny Papaiano, envolvendo o uso de bots e militantes virtuais (MAVs). Essa suposta operação tinha o objetivo de promover perseguição política a Papaiano, levando ao intenso ataque ao seu perfil nas redes sociais.
— Steh Papaiano (@Steh_Papaiano) September 12, 2023
— Canal Visão Pátria (@VisaoPatria) September 12, 2023
— Leandro Ruschel (@leandroruschel) September 12, 2023
Coincidentemente, os ataques de bots ocorreram após a solicitação do jornalista. A Empresa Brasil de Comunicação (EBC), movida por dinheiro público, lançará um programa de entrevistas comandado Demori. O talk show “Dando a Real com Demori”, ou “DR com Demori”, será transmitido às terças-feiras. No primeiro episódio, o convidado será o ministro do STF Gilmar Mendes. A atração estreia no próximo dia 26 na TV Brasil.
Demori passou pela revista Piauí e pelo Intercept Brasil, onde coordenou a série de reportagens da Vaza Jato, que relacionou uma a proximidade "indevida" entre o então juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato.
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