Coreia do Norte

Torturas, assassinatos, estupros e até a prisão perpétua de um bebê de 2 anos de idade são punições da ditadura norte-coreana aos cristãos

Luís Batistela · 1 de Junho de 2023 às 00:35 ·

De acordo com o sistema de castas da Coreia do Norte – o Songbun – os cristãos pertencem a “classe hostil” representando “séria ameaça à lealdade ao Estado”.

Segundo informação divulgada pelo Relatório Internacional de Liberdade Religiosa de 2022 dos Estados Unidos, um bebê de 2 anos de idade e sua família inteira foram condenados à prisão perpétua, na Coreia do Norte, por serem flagrados portando uma Bíblia.

Apesar do caso ter ocorrido em 2009, apenas agora foi divulgada a informação através do relatório americano de liberdade religiosa. O bebê e sua família foram levados aos campos de prisioneiros políticos, em regime de prisão perpétua.

Diversos dados foram concedidos por um documento do Korea Future, que entrevistou 244 vítimas da perseguição religiosa devido a ditadura de Kim Jong-un. Destes números, haviam 150 adeptos do xamanismo, 91 do cristianismo e um do cheondoísmo.

As vítimas foram acusadas de “envolvimento em práticas religiosas, realização de atividades religiosas na China, posse de itens religiosos, contato com pessoas religiosas e compartilhamento de crenças religiosas”.

O relatório afirmou que tais indivíduos, após serem encarcerados, ficaram sujeitos a diversas punições, como:

“... trabalho forçado, tortura, negação de julgamento justo, deportação, negação do direito à vida e violência sexual”.

Inclusive, o texto salienta que 90% dos crimes cometidos contra cristãos e xamânicos foram realizados pelo Ministério da Segurança de Estado da Coréia do Norte.

Segundo os últimos dados demográficos religiosos informados pela ditadura norte-coreana à ONU (Organização das Nações Unidas), em 2002, haviam no país 12.000 protestantes, 10.000 budistas, 800 católicos e 15.000 praticantes do cheondoísmo.

O Songbun – sistema de divisão de castas norte-coreano que determina as liberdades e oportunidades de cada indivíduo na sociedade conforme seu histórico pessoal e/ou parental – classificou os cristãos como uma “classe hostil” com “séria ameaça à lealdade ao Estado”.

Além disso, a ONG Open Doors USA identificou a Coreia do Norte como líder do ranking de regimes totalitários que mais perseguem cristãos no mundo, calculando que tal ditadura já aprisionou entre 50 a 70 mil cristãos. Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) há entre 200 à 400 mil cristãos professando clandestinamente sua fé no país.

Caso um indivíduo seja autuado pelo Ministério de Segurança do Estado como seguidor de Jesus Cristo, poderá ser aplicado à ele penas que variam de 15 anos em campos de “reeducação”, até prisão perpétua capaz de perdurar, inclusive, três gerações posteriores do condenado – de acordo com dados do Korea Future.

O documento também informou saber de relatos de ex-funcionários de segurança sobre assassinato de cristãos:

“Os exemplos incluíram a execução por um pelotão de fuzilamento de uma mulher cristã e seu neto na província de Hamgyong do Norte em 2011 e outro de seis cristãos na província de Hwanghae do Sul em 2015”.

Veja aqui relatório completo.

 


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