CLIMÃO

Tarcísio tenta defender reforma tributária em reunião do PL e é desautorizado por Bolsonaro

Yasmin Alencar · 6 de Julho de 2023 às 12:19 ·

Bolsonaro é contra a aprovação da reforma tributária na Câmara e cobrou que sua base não fosse favorável durante a votação em plenário

(BRASÍLIA) - O clima esquentou na manhã desta quinta-feira (6) entre o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e o governador de São Paulo, Tarcisio Freitas (Republicanos), durante uma reunião para tratar sobre a votação da reforma tributária.

Tarcísio, que já disse que concorda com "95%" da reforma, foi até a reunião para defender a proposta. Bolsonaro, por sua vez, já se manifestou publicamente pelo arquivamento da matéria. 

Durante a reunião, o ex-presidente cobrou que sua base votasse contra durante a votação em plenário. De acordo com Bolsonaro, se o texto "não fizer justiça e diminuir a carga tributária", o PL deve votar contra. 

Em seguida, o ex-presidente disse que Tarcisio "não tem experiência política" de muitos dos parlamentares que estavam na reunião. 

“Tarcísio não tem, com todo respeito, a experiência política que muitos de vocês têm”, declarou.

Bolsonaro afirmou que chegou a conversar com Freitas e que ambos divergiam sobre o assunto. “Não queremos, nessa proposta que está aí, dizer que vai ser melhorada por emendas. Não tem garantia nenhuma de aprovação. O que o Tarcísio está expondo, e eu conversei longamente com ele, é de essas possíveis emendas entrarem, agora, no corpo da PEC [Proposta de Emenda à Constituição] junto ao relator. E não dá para fazer a toque de caixa”, completou.

Foto: Divulgação/PL

Ao pegar o microfone, Tarcísio disse que considera "arriscado" a direita não votar pela reforma. "Eu acho arriscado a direita abrir mão da reforma tributária". Nesse momento, a plateia, formada por parlamentares e outros políticos apoiadores de Bolsonaro, chegaram a vaiá-lo e a fazerem questionamentos e críticas. Bolsonaro, então, o interrompeu e disparou: "Pessoal, se o PL estiver unido não aprova nada". 

Alguns minutos depois, em novo vídeo mostrando a reunião do PL (que era fechada à imprensa), Tarcísio já não aparece mais. 

Tarcísio Freitas é ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) e foi eleito como governador de São Paulo nas eleições de outubro de 2022 com o apoio do então presidente.

O seu nome é, inclusive, um dos mais cotados para substituir Bolsonaro na disputa presidencial de 2026, visto que o ex-presidente tornou-se inelegível na semana passada após uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Tarcísio e Haddad

O governador de São Paulo disse concordar com 95% da Reforma Tributária do governo petista. Ele deu a declaração ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após reunião entre os dois em Brasília, nesta quarta-feira (5).

“A espinha dorsal da proposta: tributação de base ampla, o IVA dual, o princípio do destino, a transição federativa tem a concordância. Sempre teve a concordância de São Paulo. O que a gente sempre ponderou foram questões pontuais. A gente concorda com 95% da reforma”, disse

Tarcísio afirmou que, apesar de considerar a necessidade de ajustes em "pontos fáceis" do projeto, o estado de São Paulo será "parceiro" na aprovação do texto.

"Eu acho que tá muito fácil construir o entendimento. São Paulo vai ser um parceiro no debate, na aprovação da reforma tributária. Nós estamos aqui para isso para gerar convencimento. A gente sabe que a reforma tributária é extremamente importante para o Brasil. Eu diria que a alavanca que está faltando agora, para a gente ter um impulso, os pontos nossos são fáceis de ser ajustados", declarou.

Leia: Tarcísio e a parada gay: Silvio Grimaldo analisa a promoção de pautas esquerdistas pela “direita”.

Uma das mudanças propostas por Tarcísio, é uma melhor governança do conselho federativo. “Se eu tenho uma governança mais frouxa, eu preciso de uma arrecadação mais na mão do Estado. A partir que eu melhoro a governança do conselho federativo eu posso ter algo mais ‘algoritimizável’”, defendeu.

A declaração de Tarcísio repercutiu no Twitter, e ele chegou a ser alfinetado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro.

 

 


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