1º TURNO NA FRANÇA
Sombra de Putin paira sobre eleições francesas
Le Pen empata tecnicamente no 2º turno com Macron. As ligações da candidata com Putin foram abafadas ao longo da campanha
Desde a ascensão midiática de Éric Zemmour, pintado como a nova liderança da extrema-direita pela mídia, Marine Le Pen deixou de ser vista por muitos franceses como a detentora deste posto.
É certo que ela tem suavizado seu discurso, tentando se posicionar como uma candidata de centro-direita, aproveitando o alargamento da janela do discurso com a presença de Zemmour no páreo.
Há pesquisas já apontando Macron e Marine Le Pen empatados tecnicamente num muito provável segundo turno. A possibilidade de Jean-Luc Mélenchon, da extrema-esquerda, avançar ao ponto de eliminar Le Pen para uma vaga no segundo turno ainda é acalentada por boa parte dos jornalistas europeus, mas é algo pouco provável quando vemos os números das últimas pesquisas. Ocorre que tanto lá como cá, boa parte do jornalismo político não passa de torcida e militância, e Mélenchon é o típico candidato da extrema-esquerda-caviar que só agrada jornalistas e acadêmicos.
É preciso, porém, levar em conta que se prevê a taxa de abstenção mais alta das últimas décadas para estas eleições na França, o que significa que, apesar das mudanças de paradigma quanto a esquerda e direita na política eleitoral atual, não há de fato uma mudança que empolga multidões.
Numa pesquisa eleitoral feita pela Harris Interactive-Toluna divulgada nesta segunda (4), Marine Le Pen teria 48,5% das intenções de votos, contra 51,5% de Macron. Na prática, o candidato à reeleição está à frente apenas dentro da margem de erro.
A mesma pesquisa, para o primeiro turno, mostra 26,5% das intenções de voto para Macron, Le Pen com 23%, Jean-Luc Mélenchon (extrema-esquerda) com 17%, Éric Zemmour e Valérie Pécresse empatados, com 9,5% cada um.
Há porém, uma sombra que paira sobre estas eleições: Vladimir Putin. Não apenas na França, mas em boa parte da Europa, existe uma direita que vê em Putin um modelo ideológico contra o declínio das democracias liberais; uma espécie de versão direitista das políticas de pautas identitárias.
Entre os que possuem uma relação pública e próxima com Putin está Le Pen, que já sinalizou em outros encontros com o Czar Vermelho que vê numa aliança com a Rússia a possibilidade de criar um mundo com líderes fortes. Mas, durante a campanha eleitoral houve um certo esforço da candidata em distanciar-se do líder russo e em ocultar suas declarações anteriores que expressavam admiração pelas ideias duguinistas.
Segundo a agência Reuters, Macron, que tem se empenhado em tentar mediar a crise na Ucrânia, entrou tarde na campanha e se concentrou em reformas econômicas impopulares, incluindo o aumento da idade de aposentadoria.
O primeiro turno da eleição presidencial francesa será neste domingo (10), e o provável segundo turno no dia 24 de abril.
Hoje, às 20 horas, no Brave News, este assunto fará parte das pautas analisadas, assim como a vitória de Viktor Orbán na Hungria.
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