POLÍTICA

Ronaldo Caiado critica Reforma Tributária e diz que vai buscar alterações no Senado

João Pedro Magalhães · 10 de Julho de 2023 às 15:05 ·

O governador de Goiás disse que o texto penaliza o agronegócio e foi aprovado na Câmara sem transparência. "Então é algo como: olha, eu vou amputar uma perna sua, mas lhe dar uma muleta", disse Caiado

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), criticou o texto da Reforma Tributária aprovado pela Câmara e afirmou que vai buscar mudanças no Senado. Em entrevista à Folha de São Paulo, o governador demonstrou sua intenção de "derrubar o Conselho Federativo", por meio da votação que ocorrerá na Casa Legislativa ainda este ano.

"Acredito que eles [os senadores] não admitiriam de maneira nenhuma um Conselho Federativo que revoga a cláusula pétrea e retira a autonomia dos estados e dos municípios. Acho que lá, a nossa chance de derrubar o Conselho Federativo é muito forte.", afirmou.

Ainda, o governador criticou a maneira como o texto foi para a votação, sem passar por qualquer análise de comissões. Segundo ele, o relator Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) não deu transparência à votação e às diferentes versões do texto.

"Ele não fez nenhuma simulação, repito, e também não apresentou, o que acho mais importante de tudo, que é a nota técnica da Receita Federal e do Ministério da Fazenda para dizer qual vai ser de verdade a alíquota neutra (do IVA, o Imposto sobre Valor Agregado a ser criado pela reforma a partir da fusão de outros)", criticou Caiado

Leia também: Os riscos da Reforma Tributária para além do aumento desenfreado de impostos

Ainda, durante a entrevista, Caiado fez questão de demonstrar o enorme prejuízo que a Reforma Tributária causará ao agronegócio e chama certos aspectos do texto de "piada".

Ao ser questionado sobre o artigo que permite manter a cobrança de contribuição sobre produtos primários até 31 de dezembro de 2043, o governador afirmou que essa arrecadação prevista não se compara com o prejuízo que os estados terão com a retirada do FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste) e demais fundos.

"Então, os desatinos são esses. 'Ah, mas no artigo 20 tem isso aqui que você pode continuar a arrecadar'. Meu amigo, você está me tirando mais de R$ 3 bilhões do FCO [...]", afirmou Caiado. "Então é algo como 'olha, eu vou amputar uma perna sua, mas lhe dar uma muleta'", concluiu.

 


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