TRAGÉDIA

Rompimento de barragem agrava situação no Rio Grande do Sul; chuvas deixam 24 mortos e desabrigam 10 mil

Paulo Briguet · 2 de Maio de 2024 às 18:04 ·

Chuvas já duram quatro dias e podem causar uma devastação sem precedentes. Autoridades pedem a moradores ribeirinhos que deixem suas casas
 

As fortes chuvas no Rio Grande do Sul podem estar provocando uma devastação sem precedentes. Até o momento foram confirmadas 24 mortes e dez mil pessoas estão desabrigadas. Inundações, quedas de barreiras e deslizamentos de terra atingiram 147 municípios gaúchos e agora ameaçam também o Sul de Santa Catarina. As regiões mais atingidas são a dos Vales, a Serra, a Central e a Metropolitana de Porto Alegre.

No início da tarde, foi confirmado o rompimento da barragem 14 de Julho, no Rio das Antas, localizada entre os municípios de Cotiporã e Bento Gonçalves. A recomendação das autoridades e da Defesa Civil é para que todos os moradores que vivem às margens do Rio das Antas e Rio do Taquari deixem o local o mais rapidamente possível, pois as águas devem subir em torno de 2 a 4 metros nas próximas horas.

Para o general Marcelo Zucco, comandante da Operação Taquari-2, o rompimento da barragem no Rio das Antas piorou uma situação que já se mostrava dramática nos últimos quatro dias. Zucco acredita que as águas vão subir “como nunca” e podem atingir níveis históricos. Diferentemente das chuvas de setembro de 2023, quando choveu muito durante 48 horas e o nível das águas subiu e baixou rapidamente, as enchentes agora estão em subida constante. Ou seja, o desastre tende a ser maior que o do ano passado.

Zucco afirma que as condições meteorológicas atrapalham muito as operações de resgate. Dez aeronaves simplesmente não podem decolar por causa da chuva. Há mais de 100 pontos interditados nas rodovias gaúchas e a forte correnteza dos rios impossibilita o uso de botes salva-vidas.

O comandante da Operação Taquari-2 reforça o apelo para que a população ribeirinha deixe suas casas – isso vale não apenas para as comunidades que vivem à margem do Rio das Antas e do Taquari, mas também na região banhada pelo Rio Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre. A dificuldade, segundo Zucco, é convencer as pessoas de que desta vez é preciso sair de casa, pois os rios vão subir como nunca. “Se alguém está vendo o rio na porta de sua casa, pode ter certeza de que o rio chegará dentro de sua casa”, disse o general.

 

Lajeado (RS)

Lula da Silva (PT) chegou hoje ao Rio Grande do Sul para visitar as regiões atingidas pelo desastre. Ao governador Eduardo Leite (PSDB), Lula disse: “Da parte do governo federal, não faltará nenhum esforço para que a gente possa trabalhar arduamente. Não vamos permitir que faltem recursos para que possamos reparar os danos causados”.

Uma fonte do BSM no Rio Grande do Sul afirmou que os danos das chuvas tendem a ser maiores do que os registrados em 2023. Existe o risco de que a capital gaúcha fique sem energia na noite desta quinta-feira, porque a água atingiu subestações elétricas do estado.

“As cidades ribeirinhas estão sendo devastadas”, disse o morador de Porto Alegre. “Nunca tínhamos visto nada parecido. Muitas casas foram varridas do mapa. Até cidades grandes, como Lajeado, estão totalmente debaixo d’água. Não dá para saber se vai sobrar muita coisa nesses lugares.”
 

 


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