CÂMARA DOS DEPUTADOS

Relator aceita denúncia contra Carla Zambelli no Conselho de Ética por "quebra de decoro"

Redação BSM · 2 de Agosto de 2023 às 15:46 ·

O relatório ainda precisa ser votado pelo Conselho. O processo contra Zambelli pode terminar com a cassação da deputada

O deputado João Leão (PP-BA), relator no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar de processo contra a deputada Carla Zambelli (PL-SP), apresentou nesta quarta-feira (2) parecer preliminar pela admissibilidade da Representação 1/23 apresentada pelo PSB. O partido acusa a deputada de quebra de decoro parlamentar por ter xingado e constrangido o deputado Duarte Jr. (PSB-MA) durante audiência pública com o ministro da Justiça, Flávio Dino, em 11 de abril.

O relatório ainda precisa ser votado pelo Conselho. O processo contra Zambelli pode terminar com a cassação da deputada.

O comportamento, segundo o PSB, "reduz o Parlamento a uma roda de conversas informais, onde qualquer pessoa pode ofender sem ser repreendido". A representação acrescenta que a imunidade parlamentar é uma proteção à democracia e não deve ser usada de forma "imoral e zombeteira".

“Voto pela admissibilidade da representação, com consequente continuidade do processo para apresentação da defesa no prazo regimental”, disse o relator. Ele sugeriu que Carla Zambelli apresentasse sua defesa por escrito. Na sessão, ela fez discurso se defendendo. O deputado Domingos Sávio (PL-MG) apresentou pedido de vista para ter mais tempo para análise do relatório. A vista foi concedida pelo presidente do conselho, Leur Lomanto Júnior (União-BA), por dois dias úteis.

Defesa
Carla Zambelli alega que proferiu o xingamento, mas não contra o deputado Duarte Jr. “A audiência [com o ministro Flávio Dino] estava barulhenta. Existe um vídeo de mim falando a palavra que não vou repetir aqui, mas eu não mandei a pessoa para aquele lugar”, argumentou a deputada.

Ela argumenta que estava sendo ofendida pelo parlamentar e outros. “Eles estavam em três pessoas, eu fui chamada de espanhola, de pistoleira. E por que espanhola? Porque uma vez a [ex-deputada] Joice Hasselmann disse que fui prostituta na Espanha. Então, eles me chamam de espanhola querendo me chamar de prostituta. Eu queria que o senhor se colocasse na minha posição, tendo um filho de 15 anos, um marido militar e nordestino, que escuta as pessoas me chamando de prostituta. Se eu tivesse sido não teria problema em assumir, mas eu não fui”, completou.

Conforme ela, o deputado Duarte também disse: “A senhora não está em São Paulo, não pode sair dando tiro não.” Ela afirmou que na ocasião em São Paulo sacou a arma - à época ela tinha porte de arma - após sofrer violência política. Carla Zambelli alega que falou a um colega “agora só falta ele me mandar tomar naquele lugar”, referindo-se à Duarte.

“Eu não deveria ter feito,  porque uma mulher não deveria ficar xingando desta forma, apesar de ter sido criada por família italiana e, sabe como é que, as nonas [avó, em italiano] gostam de falar um palavrão”, acrescentou. “Mas não houve quebra de decoro contra o deputado, eu estava comentando um fato, eu falei que agora só faltava ele fazer isso, porque ele já estava falando há muito tempo contra mim. E nós, mulheres, às vezes a gente fica se sentindo sozinha, porque eram três homens falando besteira de mim. Eu deveria ter dito outra coisa, mas eu já tinha pedido para eles pararem por favor.”  Ela alega ainda que há várias testemunhas de que ela não ofendeu o deputado. E observou que se arrepende do palavrão, mas argumenta que estava sendo provocada. 

Com informações da Agência Câmara de Notícias

 


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