DESVIO DE VERBAS

PF afirma que acusado de desviar verbas juntamente com Juscelino Filho possuía cartões e carimbos associados a laranjas

Rhuan C. Soletti · 17 de Novembro de 2023 às 10:02 ·

Para os investigadores, esses achados solidificam a hipótese de que Eduardo DP orquestra uma rede de empresas de fachada, muitas delas registradas em nome de "laranjas", com o intuito de burlar contratos de obras públicas no Maranhão

O empresário Eduardo José Barros Costa, também conhecido como Eduardo DP, figura central nas suspeitas de operação de um esquema de desvio de verbas de emendas parlamentares ao lado do ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União-MA), teve sua residência vasculhada pela Polícia Federal em julho de 2022. O resultado? Nada menos que 16 cartões bancários e dois carimbos vinculados a empresas foram apreendidos.

"Para alcançar esse tamanho, 'Eduardo DP' conta com um conglomerado de empresas de fachada, além de tentáculos na própria Codevasf e em prefeituras que firmam convênios com a referida empresa pública", diz o relatório da PF.

A ação policial esclarece a parceria suspeita entre Juscelino, então deputado federal na época, e o empresário, apontando para uma relação criminosa direcionada ao desvio de recursos da Codevasf.

A Polícia Federal (PF) divulgou informações sobre os carimbos vinculados às empresas Construservice e Topazio, nos quais o nome "Eduardo" figura como "diretor presidente". Embora o empresário em questão negue veementemente a propriedade das empresas, investigadores reforçam, em relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o material apreendido "confirmou a propriedade de fato".

A apreensão dos objetos ocorreu durante a primeira etapa da operação Odoacro, na qual a PF também teve acesso ao celular de Eduardo DP. Esse dispositivo, por sua vez, continha diálogos que abrangem o período de 2017 a 2020, incluindo interações com Juscelino Filho.

As mensagens extraídas dessas conversas revelam Juscelino, durante seu mandato como deputado federal, discutindo com o empresário sobre a destinação de emendas, andamento de obras e efetuação de pagamentos a terceiros. Para os investigadores responsáveis pelo caso, os diálogos evidenciam uma relação de "proximidade e promiscuidade", caracterizando uma "intensa tratativa" referente à execução de obras financiadas por emendas parlamentares.

Além disso, a PF revelou que a Construservice alcançou a posição de segunda maior beneficiária de contratos da Codevasf. Segundo o inquérito, a empresa utilizou intermediários para vencer licitações, consolidando sua presença como uma das principais contratadas.

A PF sustenta que os cartões e carimbos estão "registrados em nome de pessoas físicas interpostas, corroborando a teoria da propriedade de fato das empresas e da prática de lavagem de dinheiro". 

Em setembro de 2023, durante a terceira fase da operação Odoacro, a PF conduziu buscas e apreensões na residência da irmã do ministro das Comunicações, Luanna Rezende. Ela, que também ocupa o cargo de prefeita de Vitorino Freire (MA), foi temporariamente afastada por ordem do ministro do STF Luís Roberto Barroso.

Apesar do pedido da PF para buscas nos endereços de Juscelino Filho, Barroso indeferiu a solicitação. A complexidade das relações entre 'Eduardo DP' e diversos setores da administração pública segue sendo desvendada à medida que a operação Odoacro avança em suas descobertas.


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