Oposição contra ditadura venezuelana denuncia perseguição por Maduro e pede apoio internacional
As ordens de prisão foram emitidas pelo procurador-geral sob a alegação de que os opositores teriam recebido financiamento de "organizações internacionais e empresas estrangeiras" com o intuito de "desestabilizar" o processo do referendo sobre a anexação de Essequibo
A Plataforma Unitária Democrática (PUD), coalizão que reúne diversos partidos e movimentos opositores à ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela, emitiu um comunicado condenando veementemente a prisão de 13 membros da oposição ao governo chavista. Os detidos enfrentam acusações de "conspiração" e "traição à pátria", conforme determinado pelo procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, conhecido por sua afinidade com o regime Maduro. O comunicado foi ao ar na quarta-feira (6).
Dentre os detidos, figuram membros do partido Vamos Venezuela, associado à candidata presidencial María Corina Machado, embora ela não tenha sido indiciada. Além disso, dois cidadãos norte-americanos, supostamente vinculados à empresa Exxon Mobil, foram envolvidos nas acusações. Entre os acusados encontram-se Julio Borges, Yon Goicoechea, Juan Guaidó, Leopoldo López, Lester Toledo, Carlos Vecchio, David Smolansky, além dos dissidentes do chavismo Rafael Ramírez e Andrés Izarra.
Além disso, denunciaram a detenção de dois cidadãos norte-americanos envolvidos nas acusações de Saab, bem como do presidente da ONG Súmate, Roberto Abdul-Hadi, que foi preso pelo Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) na noite de quarta-feira.
As ordens de prisão foram emitidas pelo procurador-geral sob a alegação de que os opositores teriam recebido financiamento de "organizações internacionais e empresas estrangeiras" com o intuito de "desestabilizar" o processo do referendo sobre a anexação de Essequibo. Essa região da Guiana está atualmente em disputa pela Venezuela, e o referendo ocorreu no último domingo (3), sendo criticado por baixa participação segundo opositores na segunda-feira (4).
A PUD repudiou as ações do procurador-geral, classificando-as como "covardes medidas de perseguição" promovidas pelo regime venezuelano contra seus opositores. Além disso, Saab emitiu os mandados de prisão acusando os opositores de crimes como "conspiração, traição à pátria, lavagem de dinheiro e associação para delinquir", sob a justificativa de supostos atentados contra o referendo sobre a anexação do território de Essequibo realizado no último domingo (3).
A coalizão rejeitou veementemente essas acusações feitas por Saab, classificando-as como uma "nova investida judicial" do regime contra um grupo de venezuelanos democratas. Os opositores afirmam que a ditadura chavista busca prendê-los sob a alegação do "delito de trabalhar em favor da mudança para a nossa Venezuela".
Destacaram ainda que as "covardes medidas de perseguição" do regime de Maduro buscam erroneamente minar a firmeza e unidade da oposição, que se reuniu para formar uma "força democrática" junto à candidata eleita pelas primárias opositoras, María Corina Machado, visando construir em 2024 uma "contundente vitória eleitoral", com o povo venezuelano como protagonista.
A PUD apelou ao apoio da comunidade internacional, especialmente dos países aliados e preocupados com a mudança democrática na Venezuela, incluindo os EUA, solicitando assistência no processo de libertação dos opositores detidos. O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, manifestou seu apelo em sua conta oficial no X (Twitter), pedindo a libertação de todos os presos políticos na Venezuela e o fim da perseguição política – o que é improvável.
"O regime na Venezuela segue cometendo atrocidades contra aqueles a quem se deve e a quem estava chamado a proteger: a cidadania venezuelana", declarou Almagro.
Entenda
A fronteira do Essequibo é até hoje chamada de Linha Schomburgk, e é motivo de um dos maiores problemas geopolíticos da história sul americana, ainda sem resolução e, desde o início do ano, foco de uma tensão que pode acabar em guerra na fronteira de ambos os países com o Brasil.
O território em disputa, chamado de Guiana Essequiba, é rico em petróleo e isso é um dos principais motivos para o conflito histórico voltar a ter importância. A Guiana começou recentemente a explorar o potencial petrolífero da região, em parceria com empresas americanas, e o ditador venezuelano Nicolás Maduro não perdeu tempo em anunciar um referendo – que ocorrerá neste domingo, 3 de dezembro – sobre novas políticas para área, que servirão para justificar uma anexação.
Por mais que a primeira impressão que temos ao receber essa notícia é de que Maduro está criando um pretexto para dizer que a Guiana Essequiba deveria ser parte da Venezuela, ao olhar com atenção os detalhes históricos, a situação é mais complicada do que parece.
Aprofunde-se no contexto e história do Esequibo, na matéria completa do BSM:
Veja mais
- Damares Alves é internada com paralisia facial causada por herpes zoster
- Desaprovação de Lula sobe em quase 60%, diz DataFolha
- Oposição ao governo Lula convoca manifestação contra Dino no STF
"Por apenas R$ 12/mês você acessa o conteúdo exclusivo do Brasil Sem Medo e financia o jornalismo sério, independente e alinhado com os seus valores. Torne-se membro assinante agora mesmo!"