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Onde foi parar o valor da nossa cultura? Brás Oscar e o pianista Daniel Sanches abordam o tema no 8º episódio do Tapa Cultural

João Pedro Magalhães · 19 de Julho de 2023 às 11:16 ·

"O que destruiu tudo foi o espírito revolucionário, de romper com as tradições anteriores", afirmou Daniel Sanches

No oitavo episódio do Tapa Cultural, o jornalista e apresentador Brás Oscar entrevistou o estudioso e pianista, Daniel Sanches. Entre os temas da conversa, estava a alta cultura brasileira presente no século XIX e seu repentino desapercimento na virada do século, que produz efeitos imensuráveis no atual cenário cultural do Brasil.

Sanches é um grande intérprete da história de grandes pianistas brasileiros do século XIX e conta sua trajetória nos estudos sobre o paino e toda a história musical e cultural do Brasil.  Fez doutorado acerca de Arthur Napoleão, um compositor erudito e figura importante na cena cultural carioca de sua época e entende profundamente sobre a obra de Ernesto Nazareth, o pianista que uniu erudito e popular e, apesar de gozar de grande prestígio entre os estudiosos de música, é pouco lembrado entre os grandes nomes da música clássica do Brasil.

O atual cenário cultural brasileiro, totalmente tomado por pautas relativistas e marcado por uma profunda despreocupação com a Beleza, dificulta o trabalho de recuperação de uma cultura de altísismo nível presente na história da nossa nação. Diante disso, profissionais e estudiosos como Daniel Sanches resgatam o verdadeiro sentido da arte e se esforçam para que o que temos de melhor em nosso país não seja totalmente destruído, ou simplesmente esquecido.

Ao recordar a história cultural brasileira e seus estudos sobre a obra "História da música no Brasil", de Vincenzo Cernicchiaro, Daniel Sanches afirma sentir uma "inveja temporal" do nível de produção que tínhamos no passado, se comparado com o completo adormecimento da atual produção de qualidade da cultura nacional. Segundo o pianista, nosso país tinha uma "vida cultural absurda, e um belo dia, tudo isso sumiu".

Ao ser questionado sobre o motivo de tal repentina ruptura, o estudioso afirmou que, apesar dessa ser uma profunda missão investigativa, acredita que ela resultou de um espírito revolucionário presente nas novas gerações. "O que destruiu tudo foi o espírito revolucionário, de romper com as tradições anteriores.", afirmou.

Sobre o esquecimento de um "fazer musical" de qualidade, Daniel pontou:

"Foi um rompimento, de uma geração pra outra, da alta cultura. É o fenômeno do imbecil coletivo, um pouco mais antigo. Depois que tivemos Villa Lobos, Camargo Guarnieri, a própria linguagem musical empregada no sec xx afastou o público do 'fazer musical'. O público foi naturalmente se afastando... e foi se perdendo esse interesse pelo fazer musical contemporâneo. Por exemplo: o público do séc. XIX ia assistir a ópera recém composta de Carlos Gomes. Hoje, a gente vai assistir à ópera de Carlos Gomes."

Ainda, o advento da tecnologia e substituição do interesse popular - antes voltado à alta cultura - por conteúdos superficiais e produções musicais comerciais, fez com que "o piano deixasse de ser a atração principal de uma sala de estar, e isso passase a ser a televisão", conforme explica Daniel Sanches...

Quer saber mais? Então assista agora ao 8º episódio do "Tapa Cultural: Um tesouro escondido da história da música brasileira", com o apresentador e colunista Brás Oscar:

 

 


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