CENA DO CAMPUS

O Peladão da UEL

Paulo Briguet · 30 de Abril de 2024 às 14:53 ·

Uma performance de nudez no campus da Universidade Estadual de Londrina
 

Eu me lembro claramente do meu primeiro dia de aula na Universidade Estadual de Londrina. Era uma segunda-feira nublada, 6 de março de 1989. Desci no ponto de ônibus errado e tive que caminhar do Centro de Ciências Biológicas (CCB) até o CECA (Centro de Educação, Comunicação e Artes), chegando atrasado à primeira aula do professor Oswaldo Coimbra. Jamais poderia imaginar que uma das alunas daquela turma se tornaria, muitos anos depois, minha amada esposa e mãe do meu filho.

Nossas aulas eram quase bucólicas, porque ao lado do CECA havia um imenso pasto. De vez em quando, podíamos contemplar vacas e bois que transitavam mansamente pelo lugar. Havia também os macacos do bosque, mas estes só apareciam para perseguir os alunos da turma de Condicionamento Físico que praticavam jogging. Também funcionava (e ainda funciona), ali pertinho, uma escola para crianças, o Colégio de Aplicação.

Trinta e cinco anos se passaram. O antigo pasto deu lugar ao Departamento de Música e Teatro do CECA e a uma praça em que frequentemente são apresentadas performances de alunos do curso de Artes Cênicas da UEL. Nesta segunda-feira, 29 de abril, um estudante apresentou um trabalho de performance para a disciplina de Interpretação IV. O trabalho consistiu na filmagem de um vídeo ao ar livre, em que o ator faz um strip-tease e termina completamente nu.

Vale lembrar que o Colégio de Aplicação, onde estudam centenas de crianças, fica ali ao lado, e muitas vezes os alunos menores de idade atravessam a pracinha das Artes Cênicas. Ou seja, a performance do peladão pode ter sido vista por crianças.

O motivo da performance, pelo que entendi, foi marcar a passagem do último 29 de abril, quando se rememoram os 9 anos do chamado “massacre” do Centro Cívico, quando a Polícia Militar impediu a invasão e a depredação da Assembleia Legislativa do Paraná por uma multidão de militantes esquerdistas. A propósito, ninguém morreu no “massacre”.

Dito isso, tenho apenas duas perguntas a fazer.

1. O que você, como pagador de impostos — e portanto financiador das universidades públicas —, tem a dizer sobre a referida performance?

2. A administração da UEL vai tomar alguma providência em relação ao ocorrido?

Podem performar nos comentários.

Paulo Briguet é escritor, editor-chefe do BSM, ex-estudante da UEL e nunca performou pelado.
 

 


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