O fim do jornalismo não foi nem será noticiado
Quando um jornalista é confrontado com fatos reais que desconhece, oferece como resposta o conteúdo dos jornais, onde se refugia da própria ignorância. Para ele, o jornalismo é a única mediação legítima entre sujeito e objeto. Essa fé cega no “magistério jornalístico” é a fonte primordial dos critérios de atenção, seleção e narração que orbitam a rija cachola de um editor da Folha, do Estadão ou do G1. Esta é uma das razões pelas quais os jornais acabaram se tornando o megafone de uma das mais extremistas e violentas bolhas ideológicas já surgidas no Ocidente. Ao exato contrário do que é alardeado nos jornais, o jornalismo se tornou porta-voz do verdadeiro fascismo.
A atividade jornalística sempre serviu a algum grupo ou movimento. A diferença é que em outras épocas havia um espaço dedicado às vozes independentes. A literatura contava também com um maior apelo popular, assim como outras áreas artísticas, de maneira que a sociedade tinha a seu dispor uma certa diversidades tanto de vozes quanto de linguagens. À medida que crescia a urbanização, os jornais foram dominando o campo cultural que era destinado à orientação da sociedade. Se antes um cidadão podia estar plenamente integrado lendo literatura, acompanhando música e espetáculos, lendo poesia, a partir do início do século XX, este mesmo cidadão seria um excêntrico desinformado.
Da mesma maneira que aumentavam as tiragens e o número de jornais, crescia sua relevância política, atraindo a atenção de grandes grupos. Quando os jornais eram vendidos na rua, era preciso “vender” também os títulos, chamativos e atrativos, muitas vezes até mentirosos. Mas o jornal por assinatura passou a demandar do leitor uma credibilidade prévia, um voto de confiança, dando ao jornal certa segurança em suas posições prévias. Ao mesmo tempo, com mais leitores, seus anúncios se tornavam mais atrativos a grandes grupos, cujas empresas necessitavam de grandes lucros. Quando a questão era só o lucro financeiro, porém, os jornais ainda gozaram de grande liberdade editorial.
O problema começou a surgir quando estes grandes grupos passaram a desejar algo mais que o lucro: o controle de aspectos sociais que lhes conferiria mais poder sobre outros setores da vida social, como a política e a cultura. Essa elite financeira, que chamamos de metacapitalista, nunca se deixou enganar pelas utopias democráticas e liberais. No fundo, todo esse discurso era nada mais que propaganda.