Está na hora de traçar um caminho para um verdadeiro aprofundamento da democracia brasileira. E a atuação da direita será fundamental nesse processo
Nos últimos meses, a virulência das perseguições judiciais e campanhas de assassinato de reputação direcionadas aos ativistas conservadores atingiram um patamar ainda maior do que antes da vitória de Bolsonaro em 2018, provando definitivamente a tese de que o poder político vai muito além da mera disputa eleitoral.
Diante dessa frustração, é compreensível que muitos passem a cultivar esperanças em soluções mágicas e instantâneas (como a expectativa de uma intervenção militar, a qual ainda habita, infelizmente, alguns bolsões da nova direita). No entanto, esperar por soluções mágicas é a melhor garantia de multiplicar as frustrações futuras. Um caminho melhor é buscar compreender o que está acontecendo e traçar estratégias para o futuro.
A meu ver, o impasse atual se deve a uma combinação de dois fatores: a fragilidade interna da nova direita e o “déficit democrático” das instituições brasileiras. O elemento interno é simples de explicar, mas difícil de resolver. A nova direita não é um movimento coeso, mas um amontoado dos diferentes grupos que se opunham ao petismo pelos mais diversos motivos. Embora o movimento liberal-conservador (em outra ocasião, explicarei porque considero válido falar dos dois em conjunto nesse contexto, apesar das fortes desavenças entre os dois polos dessa equação) ainda seja um dos principais eixos ideológicos da nova direita, existem também outros eixos fortíssimos agindo em direção contrária (como os eixos positivistas e lavajatistas).
O elemento externo é tão difícil de explicar quanto de resolver. Porém, se não for enfrentado, nem liberais nem conservadores conseguirão jamais colocar suas propostas em prática. Para que consigam efetivamente governar, será preciso antes promover uma reforma política que diminua o déficit democrático brasileiro...
