13 DE MAIO

“Nossa Senhora advertiu para os males que nos atingem agora”

Paulo Briguet · 13 de Maio de 2020 às 17:10 ·

O professor português José Carlos Sepúlveda fala sobre a proibição dos peregrinos em Fátima e outras restrições que vem sendo impostas aos fiéis no mundo todo

A devoção de José Carlos Sepúlveda a Nossa Senhora de Fátima começou exatamente na data do seu nascimento: 13 de maio de 1959. Sim, o professor, palestrante e analista político português, residente no Brasil desde 1978, nasceu exatamente no dia em que se comemora a primeira aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos de Fátima, ocorrida há 103 anos. Conhecido por suas brilhantes análises políticas e culturais (que podem ser vistas no Canal do Paulo Henrique Araújo), militante católico e monarquista, neto de uma das testemunhas do Milagre do Sol, Sepúlveda tem algo a dizer sobre a primeira vez, desde 1917, em que os peregrinos foram impedidos de visitar o Santuário de Fátima em 13 de maio. Confira a entrevista que ele concedeu ao BSM:
   

Paulo Briguet: Como vai ficar marcado para o sr. este dia 13 de maio de 2020?
José Carlos Sepúlveda:
Vai ficar marcado por um fato inexplicável como tantos outros que estamos vivendo. Vivemos uma epidemia que, como toda epidemia, tem suas tristezas, em perdas de vidas, mas foi erigida a uma dimensão que absolutamente não é dela, pois os fatos e os dados não a confirmam. Entretanto, em consequência dela, sofremos uma série de medidas e restrições sociais que antes seriam impensáveis e não foram vistas nem em guerras. Uma das consequências mais graves é que nós católicos estamos privados do nosso culto, do direito de ir às igrejas e do direito de frequentar os sacramentos. Já tivemos uma Semana Santa sem Semana Santa e agora vemos Fátima, pelo que vimos, cercada por militares para que os católicos não possam ascender ao Santuário. São medidas drásticas — por que a peregrinação se faz ao ar livre —, mas o mais grave é que se trata do local em que, no ano de 1917, Nossa Senhora advertiu para males muito semelhantes aos que nos atingem agora. Cercaram Fátima, o lugar em que Nossa Senhora veio dar falar aos homens. Impediram que os homens vão ali rezar aos pés de Nossa Senhora. Como português, eu sei que em todos os momentos de crise cresce o afluxo de peregrinos a Fátima. Exatamente neste momento, vemos essa medida drástica para que não haja a ida dos peregrinos ao Santuário.

Paulo Briguet: Em 1917, Portugal vivia sob um governo fortemente anticlerical, que fez de tudo para impedir a peregrinação ao local das aparições de Nossa Senhora, chegando até mesmo a prender brevemente os pastorinhos de Fátima. O sr. acredita que está ocorrendo, de certo modo, uma repetição dessa história?
José Carlos Sepúlveda:
 Paulo, vou lhe dizer algo que talvez possa chocar: aquilo que o governo jacobino não conseguiu em 1917 — impedir que as pessoas fossem a Fátima e presenciassem o Milagre do Sol — nós vimos acontecer agora. É a primeira vez, desde 1917, que não há uma peregrinação a Fátima. Como católico, eu digo tristemente: essa combinação partiu da hierarquia eclesiástica com o governo. O mais grave de tudo é que, poucos dias, atrás, houve comemorações de 1º de maio em Portugal — sendo que temos um governo socialista, aliado com comunistas e radicais de esquerda —, comemorações da chamada Revolução dos Cravos — que levou Portugal à beira do comunismo — e, numa delas, tivemos a participação do Cardeal Patriarca de Portugal! Agora, a ida a Fátima é cerceada. Quando muitos católicos começaram a exigir liberdade para ir a Fátima, houve até a declaração da ministra da Saúde de Portugal, de que o governo estava disposto a organizar uma peregrinação de modo seguro. As autoridades eclesiásticas é que não quiseram. Isso causou um rebuliço tremendo em Portugal. Em nome do combate a uma doença, colocam a GNR (Guarda Nacional Republicana) para impedir a entrada dos peregrinos. Sem ter tido uma revolução, sem que fosse disparado um só tiro, nós vivemos dias de um jacobinismo consentido.

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