Neoconservadorismo: a antessala do establishment
Neocon é o membro do establishment que usa o discurso conservador para atender aos seus fins pessoais
Cumpre em primeiro lugar definir o que é neoconservadorismo ou o famoso neocon: o neoconservador, em primeiro lugar, não é um conservador. Ele é um membro do establishment que usa o discurso conservador (sem necessariamente o ser) para atender aos seus fins e propósitos pessoais.
Em parte do que ele diz, pode até ser que acredite. Mas, até na parte em que acredita, está disposto a ceder para que vença pessoalmente na arena política.
Essa técnica tem vários nomes: fisiologismo, toma-lá-dá-cá, politica de coalizão, capitalismo de laços, jogo de interesses... enfim. O importante é reconhecer que ela não é ilegal.
Durante os anos da dupla FHC/ACM no poder, seguida pelos anos PT, o componente financeiro fez parte do jogo e a técnica poluiu-se com corrupção, aprimorando o que Sarney e Collor fizeram em escala amadora. Talvez o único que não tenha se metido com o fisiologismo corrupto fora Itamar Franco. Tirando ele, todos inseriram o componente financeiro na equação.
Muitos, por deconhecimento ou mesmo por malandragem retórica, passaram a atrelar o toma-lá-dá-cá instantanemente ao termo “corrupção” por força da predominância financeira que citei acima. Nada mais esdrúxulo e equivocado: a técnica não passa da mais milenar e desgastada ferramenta da barganha política.
Israel, por exemplo, é 100% administrado no Knesset (o seu parlamento) com o eixo na técnica da barganha. A barganha é o elemento central do parlamentarismo. No presidencialismo ela pode ou não aparecer. Notem que durante o governo Bush Filho, a técnica foi largamente usada, assim como durante a administração Obama. Tanto a esquerda quanto a direita a usam.
Trump mudou a regra do jogo, e por isso temos uma reação tão forte ao seu governo, sobretudo por parte de gente que integra o establishment, seja na esquerda, seja na direita (e aí entram os necons como o próprio Bush, e globalistas como Bloomberg e Cheney contra Trump).
Há uma infinidade de experts em negociação estratégica, como William Ury e Robert Mnokin, que tratam das inúmeras desvantagens da técnica de barganha. A esta opõem a técnica da negociação baseada em interesses, uma espécie de recurso argumentativo dotado de alta objetividade. A barganha é completamente subjetiva – centra-se nos interesses de uma pessoa específica, mas com base em critérios pessoais e não em pautas.