BRASIL

Natura é alvo de denúncia e deve ser investigada na CPI das ONGs por exploração de indígenas

Yasmin Alencar · 20 de Julho de 2023 às 12:18 ·

A diária do trabalho de colheita paga aos índios é de apenas R$ 3, denunciou cacique

(BRASÍLIA) - A empresa Natura deve ser ouvida na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs na Câmara dos Deputados por supostamente estar explorando indígenas.

A Natura e a Cooperativa Mista da Floresta Nacional dos Tapajós (Coomflona) devem ser convocadas pela CPI após o recesso parlamentar.

Recentemente, o cacique da aldeia Bragança, Manoel dos Santos Correa, chegou a dizer à Comissão que índios estariam buscando indenizações na Justiça devido o baixo pagamento por parte da Natura para a colheita de sementes de copaíba e andiroba utilizadas na fabricação de cosméticos.

A diária do trabalho de colheita paga aos índios é de apenas R$ 3.

De acordo com o cacique, a Coomflona faz a contratação dos indígenas e leva-os para a colheita independente do clima ou do risco de serem picados por cobras. 

Por outro lado, o litro de sementes é vendido por R$ 1 mil à empresa. O indígena disse ainda que as ONGs atuam com o objetivo de captar recursos em nome dos indígenas, mas que eles têm medo de fazer denúncias.

O trabalho de colheita envolve cerca de 70 famílias e ocorre na área de manejo florestal comunitário da Flona do Tapajós, sob a gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Por meio de nota, a Natura disse que o valor pago à Cooperativa Mista da Flona do Tapajós (Coomflona) no último ano “pelo quilo de matéria-prima foi aproximadamente 70% maior que o preço mínimo estipulado pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab)”.

Veja a nota na íntegra:

A Natura mantém relacionamento comercial com a Cooperativa Mista da Flona do Tapajós (Coomflona) desde 2019 para o fornecimento de amêndoas secas de andiroba. O trabalho de coleta da matéria-prima envolve cerca de 70 famílias e ocorre na área de manejo florestal comunitário da Flona do Tapajós, conforme previsto no Plano de Manejo da Unidade de Conservação, gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Em 2022, o valor pago à Coomflona pelo quilo de matéria-prima foi aproximadamente 70% maior que o preço mínimo estipulado pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab). A Natura também investe na capacitação e transferência de tecnologia para que as comunidades possam prosperar e fortalecer seus negócios, independentemente do contrato estabelecido com a empresa.

O relacionamento da Natura com comunidades fornecedoras é baseado no respeito às pessoas e à natureza, premissas fundamentais de nosso modelo de negócio na Amazônia há mais de 20 anos. Toda a cadeia produtiva da andiroba é certificada pela União para o Biocomércio Ético (UEBT – The Union for Ethical BioTrade), que avalia as medidas de conservação da biodiversidade, boas práticas de produção e o respeito aos direitos humanos, incluindo o compartilhamento justo e equitativo dos benefícios e condições seguras de trabalho para as comunidades de sua cadeia produtiva.

Seguros de nossa atuação ética e transparente com comunidades fornecedoras na Amazônia, prestaremos os esclarecimentos necessários.

 


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