CRÔNICA

Na cama com Doria

Fábio Gonçalves · 2 de Abril de 2020 às 15:37 ·

Pensamentos noturnos de um governador que  só trabalha com prudência e sofisticação

Num flat escuro e abafado no ABC Paulista, deitado na cama depois de uma noitada de Baco, Doria, dando tragos no seu charuto cubano, filosofava:

— Eu sou ou não sou um gestor de primeira? Um homem talhado para administrar? Tenho ou não tenho categoria para governar este país? Bolsonaro? Puff... Líder mesmo, líder nato é o Xi, e estou colado nele. Acabou essa história de domínio americano, meu bem. Temos que correr por fora, seguir a nova Grande Potência. Meus negócios, por exemplo, já estão todos concentrados em Pequim. E que se dane a Wall Street. E para ser franco: eu detestava O Aprendiz americano. O futuro é chinês, meu bem: cidades interativas, cidadãos fichados, controle social. Ordem, beleza e sofisticação: eis o novo lema nacional. Quero ver quem terá coragem de arrancar uma folhinha dos meus jardins verticais, quem fará um só rabisco nas minhas paredes públicas grafitadas pelo Romero Britto. Gestor é isso: é gerenciar tudo, de cabo a rabo.

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