Morre aos 96 anos o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto

Luís Batistela · 12 de Agosto de 2024 às 10:11 ·

Delfim estava internado Hospital Albert Einstein desde a segunda-feira (05/08). 

O ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto, de 96 anos, morreu na madrugada desta segunda-feira (12) no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado desde a semana passada. O economista ocupou o ministério entre 1967 e 1974, servindo aos governos dos generais Arthur da Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici durante o período da ditadura militar (1964-1985). A assessoria de Delfim não informou a causa específica da morte, mencionando apenas que ele morreu “em decorrência de complicações em seu quadro de saúde”. O enterro será restrito à família.

Nascido em 1º de maio de 1928 em São Paulo, Delfim tornou-se economista e professor emérito da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Assumiu o cargo de secretário da Fazenda de São Paulo em 1966 e, no ano seguinte, o Ministério da Fazenda, onde suas articulações resultaram no período conhecido como “Milagre Econômico”, durante o qual a economia brasileira passou a crescer cerca de 11% ao ano.

“Seus trabalhos didáticos e de pesquisa são, neste momento, voltados para os estudos de problemas da economia brasileira, planejamento governamental e teoria do desenvolvimento econômico. Sua linha de pensamento baseou-se essencialmente na aplicação da teoria neo-clássica no plano microeconômico e idéias keynesianas ou monetaristas no plano macroeconômico”, informa o site da USP.

Após seu trabalho no ministério, Delfim foi enviado à França como embaixador, permanecendo em Paris de 1975 a 1978. Regressou ao Brasil para assumir o cargo de ministro da Agricultura e, em seguida, o de ministro do Planejamento, até 1985. Eleito deputado federal no ano seguinte, Delfim participou ativamente da Assembleia Nacional Constituinte de 1987 a 1988. Reeleito outras quatro vezes consecutivas, permaneceu na Câmara dos Deputados até 2007.

Durante a ditadura, o economista votou a favor do Ato Institucional número 5 (AI-5), justificando que o presidente deveria gozar da “possibilidade de realizar certas mudanças constitucionais, absolutamente necessárias para que este País possa realizar o seu desenvolvimento com maior rapidez”. Em 2013, durante uma sessão da Comissão da Verdade, Delfim argumentou que repetiria seu voto “se as condições fossem as mesmas e o futuro não fosse opaco”. “Eu não só assinei o Ato Institucional número 5 como assinei a Constituição de 1988, (mas) nunca apoiei a repressão”, destacou.

Delfim Netto, ao centro, durante a Assembleia Constituinte; em pé, à direita, o então deputado Luiz Inácio Lula da Silva.
(Fonte: Agência Câmara de Notícias)

Em 2018, seu nome voltou a ser destacado na imprensa devido às investigações da Operação Lava Jato. Segundo a força-tarefa, o ex-ministro da Fazenda e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), Antonio Palocci, realizou um repasse de R$ 15 milhões ao economista. De acordo com a operação, foi comprovado que ao menos R$ 4,4 milhões das empresas vencedoras de licitações foram pagos a Delfim. O ex-ministro alegou que esses valores referiam-se a serviços prestados, e não a corrupção ou ilícitos.

 


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