GOVERNO DO PT

Lula abre espaço para Lemann influenciar o uso de R$ 6,6 bi da educação

João Pedro Magalhães · 25 de Setembro de 2023 às 16:57 ·

O acordo foi fechado por influência da secretária de Educação Básica, Katia Schweickardt, ex-integrante do Centro Lemann, outra entidade do empresário

O Ministério da Educação (MEC) fechou um acordo com a MegaEdu para opinar sobre a conexão de escolas públicas à internet. A ONG financiada pelo empresário Jorge Paulo Lemann também foi inserida em um conselho do Ministério das Comunicações para definir destino de parte dos R$ 6,6 bilhões que serão destinados para a conectividade de estudantes.

A MegaEdu, além de atuar no MEC e no Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), onde estão 40% dos recursos de investimento até 2026, também está sendo convocada para opinar sobre o uso de R$ 3,1 bilhões de dinheiro privado que as operadoras de telefonia foram obrigadas a investir para arrematar faixas do leilão do 5G.

O acordo foi fechado por influência da secretária de Educação Básica, Katia Schweickardt, ex-integrante do Centro Lemann, outra entidade do empresário. Seu nome constava como integrante do comitê de especialistas da organização até o MEC ter sido questionado pelo jornal O Estado de São Paulo sobre a ligação dela com o acordo firmado com o empresário.

A colaboração faz parte da Estratégia Nacional de Escolas Conectadas, cujo lançamento será realizado pelo presidente Lula (PT), na próxima terça-feira (26). Um estudo da ONG de Lemann foi utilizado pelo governo petista para elaboração da proposta de ampliar o número de escolas atendidas com conexão à internet até 2024. 

Segundo a Fundação Lemann, não haveria conflito de interesses na nova parceria, pois a ONG supostamente tem reconhecimento e legitimidade para atuar juntamente ao Governo Federal. 

A situação gera ressalvas, visto que recentemente o presidente Lula chegou a criticar publicamente o empresário Jorge Lemann, em decorrência da recuperação judicial e rombo das Lojas Americanas, uma das empresas do bilionário.

"Esse Lemann era vendido como o suprassumo do empresário bem-sucedido. Era o cara que financiava jovens para estudarem em Harvard e formarem um novo governo. Falava contra a corrupção todos os dias. E depois cometeu uma fraude que pode chegar a R$ 40 bilhões", afirmou Lula no início deste ano em uma entrevista à RedeTV.

 


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