MANIFESTO

Liberdade para Filipe G. Martins!

Paulo Briguet · 29 de Março de 2024 às 10:58 ·

Ex-assessor presidencial está há 50 dias na prisão por uma viagem que ele não fez e que nem sequer seria crime
 

Alguém certamente havia caluniado Filipe G. Martins pois uma manhã ele foi detido sem ter feito mal algum.

A primeira frase do romance O Processo, de Franz Kafka, aplica-se perfeitamente ao caso do ex-assessor da Presidência da República preso há 50 dias em Curitiba. Em sua obra, o escritor tcheco morto há 100 anos conseguiu prever com exatidão o funcionamento das máquinas totalitárias que vitimariam milhões de pessoas em nosso tempo. Filipe está na cadeia em uma das mais tenebrosas prisões do país por ter sido alvo de uma manchete mentirosa, segundo a qual ele teria “evaporado” do país com destino aos Estados Unidos em 31 de dezembro de 2022, juntamente com o ex-presidente Jair Bolsonaro, para “escapar das investigações” sobre os acontecimentos de 8 de janeiro.

Acontece que Filipe G. Martins não viajou para os EUA. Ele e sua noiva tomaram um avião de Brasília para Curitiba e de lá foram para Ponta Grossa, cidade paranaense onde passaram a morar. É bem verdade que não seria crime Filipe ter viajado para o exterior ele era um cidadão livre —, mas o fato é que a viagem inexistente foi o principal motivo da ordem de prisão contra o ex-assessor, emitida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Nesta quinta-feira (28), foi divulgado pela Revista Oeste um ofício da companhia aérea Latam atestando que Filipe e sua noiva cuja família é de Ponta Grossa embarcaram no voo Brasília-Curitiba em 31 de dezembro de 2022. Até mesmo a Procuradoria Geral da República já havia atestado a fragilidade das evidências contra Filipe e recomendou sua soltura recomendação ignorada até o momento por Alexandre de Moraes.

Conheci pessoalmente Filipe G. Martins há 7 anos, numa palestra em São Paulo. Na ocasião, quando tive a honra de falar ao lado de um dos mais brilhantes alunos do professor Olavo de Carvalho, observei que todo o poder da esquerda no Brasil tem origem em um crime: o assassinato do ex-prefeito Celso Daniel, então coordenador da campanha presidencial de Lula, em janeiro de 2002. A morte de Celso Daniel é o crime fundador da era petista. Com tal origem, é fundamental para a esquerda inverter ontologicamente a realidade, cuidando para que o crime fique sem castigo e para que o castigo recaia sobre aqueles que não cometeram crime algum. Todo o poder do atual regime PT-STF depende da instauração do crime sem castigo e do castigo sem crime. Não foi por acaso que o sistema tirou um sujeito da cadeia para colocá-lo na cadeira presidencial; não é por acaso que o mesmo sistema persegue obsessivamente aqueles cujo crime consiste em revelar a estrutura da realidade os alunos de Olavo de Carvalho. Três dos mais destacados intelectuais formados por Olavo são alvos preferenciais do regime: a juíza Ludmila Lins Grilo (exilada), o jornalista Allan dos Santos (exilado) e Filipe G. Martins (preso). Ludmila, Allan e Filipe cometeram crimes de pensamento o mais hediondo dos crimes para a ditadura PT-STF.

Filipe G. Martins é acusado de outros crimes de pensamento ou “de cogitação”. É bem verdade que esses crimes não existem no ordenamento jurídico brasileiro, mas todos estão carecas de saber que a lei no Brasil foi para as cucuias. Um crimepensar de Filipe seria ter supostamente participado da elaboração de um parecer sobre a aplicabilidade do artigo constitucional sobre a decretação do Estado de Defesa. A assessoria de imprensa do regime deu um apelido ao texto: minuta do golpe. Veja-se a cadeia de suposições que levou Filipe à cadeia: a suposta minuta (que, na verdade, era um parecer sobre um artigo da Constituição e de qualquer modo jamais foi colocada em prática) de um suposto golpe (que nunca aconteceu nem teria condições de acontecer) que supostamente teria dado ensejo à arruaça dominical de 8 de janeiro, em consequência da qual Filipe supostamente fugiu para os Estados Unidos em 31 de dezembro (releve-se aqui a inversão temporal), que o tornam suposto artífice de uma suposta conspiração para a suposta derrubada supostamente violenta de um suposto Estado Democrático de Direito.

Alguns podem estranhar que eu publique este artigo justamente na Sexta-Feira da Paixão. Como católico, no entanto, creio ser esta a data mais adequada para falar sobre uma vítima da injustiça. Naquela sexta-feira do ano 33, condenou-se não um mero inocente, mas a própria Inocência. Na cruz, Jesus sangrou em decorrência dos pecados do homem. O Cordeiro de Deus hóstia que salva o gênero humano é o grande reparador das injustiças de todos os tempos. A Ele eu ousei pedir, por intercessão da Mãe Rainha de Schoenstatt e da serva de Deus Madre Leônia, a liberdade de meu amigo Filipe G. Martins.

Que seja feita a justíssima e amabilíssima vontade de Deus sobre todas as coisas.

Paulo Briguet é escritor e editor-chefe do BSM.

 


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