Greve no metrô de São Paulo tem cunho político e prejudica os verdadeiros trabalhadores
Segundo o governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos), as privatizações foram uma de suas principais promessas de campanha e sua eleição representou que o povo paulista é a favor desta pauta. Segundo o ex-ministro, é completamente desnecessária qualquer atuação sindical e grevista no sentido contrário
Nesta terça-feira (3), funcionários da Companhia de Saneamento Básico do estado de São Paulo (Sabesp), do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) iniciaram uma paralisação grevista em protesto contra a política de privatizações do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). O movimento, instigado por estudantes da Universidade de São Paulo (USP) e com o respaldo da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ganhou força rapidamente e suspendeu, desde o início da madrugada, o funcionamento de quase todas as linhas de metrô da capital.
Sob os mesmos argumentos de sempre, que denunciam tarifas elevadas e a deterioração na qualidade dos serviços prestados, que seriam em decorrência da privatização, os grevistas alegam lutar em nome do povo e dos trabalhadores. Contudo, quando se examina a realidade das empresas já privatizadas no Brasil, esses argumentos se mostram completamente falaciosos.
Neste contexto, é importante ressaltar que os verdadeiros trabalhadores – aqueles que, supostamente, são defendidos pelos sindicatos – são os que mais sofrem com a atual paralisação, perdendo um dia de trabalho devido à interrupção dos serviços de transporte público.
Ainda, é evidente que essa greve não está relacionada a reivindicações trabalhistas legítimas, mas sim é impulsionada por uma pauta ideológica que se opõe às políticas do governador eleito. Sob essa perspectiva, as manifestações se configuram como ilegais e trazem tumulto à vida dos cidadãos paulistas.
Pauta ideológica
Dois funcionários da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) lançaram um vídeo nas redes sociais onde admitem que a greve que ocorre nesta terça-feira tem motivação política. Os sindicalistas afirmam que a paralisação tem como objetivo impedir que o governador paulista, Tarcísio de Freitas, avance com sua proposta de privatização da empresa de transporte e associam sua postura ao bolsonarismo.
"Essa unificação da luta é muito importante para que a gente consiga derrotar o plano privatista do Tarcísio, o herdeiro do bolsonarismo aqui de São Paulo", declara um grevista do Metrô.
O registro mostra Guilherme Sena, operador de trem e diretor do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, ao lado de Roberto Morato, que se apresenta como funcionário do Metrô. A filmagem acontece em frente às catracas da estação Ana Rosa, que atende as linhas 2-Verde e 3-Azul.
A dupla enfatiza que às 4h50 da manhã desta terça-feira já estavam realizando piquetes, bloqueando a entrada para impedir que funcionários que não apoiam a greve assumam seus postos de trabalho.
Veja:
São Paulo está em greve! Os trabalhadores do Metrô, CPTM e Sabesp unificaram a luta contra o projeto de privatização do Governador Tarcisio, uma cria do inelegível em SP. A privatização só piora os serviços essenciais à população, aumentando o preço e precarizando trabalhadores. pic.twitter.com/lvxmz1iVqw
— Sâmia Bomfim (@samiabomfim) October 3, 2023
Apesar da greve ser no sentido oposto, os sindicalistas do Metrô apenas evidenciam que o serviço não foi completamente interrompido graças à ação da iniciativa privada. As linhas 4-Amarela, 5-Lilás, 8-Diamante e 9-Esmeralda, operadas por concessionárias privadas, funcionam normalmente desde o início da manhã de terça-feira e não prejudicaram o expediente de nenhum trabalhador.
Enquanto isso, representantes do Psol elogiaram a greve no Metrô, na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e na Sabesp, em São Paulo, mesmo diante do caos no trânsito e das multidões paradas em frente às estações.
Deputados federais de São Paulo, como Guilherme Boulos, Sâmia Bonfim, Érika Hilton e Ivan Valente, demonstraram apoio aos grevistas. "São Paulo está em greve!", exclamou Sâmia.
Érika Hilton, um homem que se diz mulher, também incentivou a paralisação, pedindo que outras categorias se unam à causa.
Ela afirmou: "Todo meu apoio à greve dos funcionários do Metrô, da CPTM e da Sabesp. A reação dos trabalhadores das estatais é necessária e pelo bem de todo o Estado de São Paulo, assim como a dos estudantes, docentes e técnicos-administrativos das universidades estaduais."
Enquanto Érika Hilton acredita que a política de privatização resultaria na dilapidação do patrimônio público, o governador enfatiza que as linhas privatizadas atualmente têm proporcionado um serviço eficiente, o qual continua em operação normal nesta terça-feira.
Ele também reiterou seu compromisso com o projeto de privatização durante sua campanha ao governo.
Enquanto a greve continua, as imagens nas redes sociais se multiplicam mostrando trabalhadores parados em frente às estações fechadas, lamentando a perda de um dia de trabalho.
Guilherme Boulos
Conforme aponta Rodrigo Constantino em sua coluna na Gazeta do Povo, a greve atual é apenas um vislumbre do que poderá acontecer caso o candidato comunista Boulos assuma a prefeitura de São Paulo - uma candidatura prevista para 2024.
Boulos acusou o governo estadual de inflexibilidade ao rejeitar a proposta de liberar as catracas, apoiada pelos sindicatos grevistas, alegando que essa recusa foi o fator determinante para a paralisação.
Por outro lado, o governador já havia explicado que a liberação das catracas representaria um risco para a segurança da população, pois poderia resultar em correrias e movimentações descontroladas, especialmente devido à greve dos funcionários.
A decisão de não permitir a catraca livre recebeu respaldo do sistema judicial. O desembargador Celso Ricardo Peel Furtado de Oliveira, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), proibiu essa liberação, argumentando que "a arrecadação pela prestação de serviço público não se enquadra nos direitos do exercício do direito de greve, e concedê-lo representaria uma séria ameaça à ordem econômica". O pedido pela catraca livre havia sido feito pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo, e o TRT-2 também negou a mesma solicitação feita pelo grupo.
Apesar desse cenário, Boulos continua a se recusar a aceitar a decisão e se mantém como um dos principais impulsionadores da atual paralisação, que é considerada ilegal e prejudicial para os cidadãos da capital paulista.
Veja sua declaração teimando e motivando as manifestações caóticas e criminosas desta terça-feira:
A intransigência do Governo de SP é a grande responsável pela Greve de hoje no Metrô/CPTM. Os trabalhadores propuseram em juízo liberar as catracas em vez da paralisação, pra não prejudicar os usuários. O Governo Estadual recusou a proposta. Apostou no conflito e não no diálogo.
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) October 3, 2023
Governo de São Paulo
Diante das declarações das lideranças sindicalistas e do caos instaurado nos metrôs paulistas, o perfil oficial do estado de São Paulo se manifestou em repudio à atual situação .
"É importante esclarecer que a greve não foi convocada para reivindicar questões salariais ou trabalhistas, mas p/ que os sindicatos atuem, de forma totalmente irresponsável e antidemocrática, para se opor a uma pauta que foi defendida e legitimamente respaldada nas urnas", publicou o perfil.
"É por meio do processo de escuta de diálogo das desestatizações que os sindicatos contrários devem se manifestar, de forma democrática, convencendo atores políticos e a própria sociedade de que a proposta do Governo de São Paulo não é a ideal. Infelizmente, aqueles que deveriam representar os trabalhadores preferem agir de forma truculenta, promover o caos e prejudicar toda a população.", repudiou a administração.
Veja:
Sobre a greve anunciada para esta terça-feira, 3 de outubro, pelos sindicatos dos trabalhadores do Metrô, CPTM e Sabesp, o Governo de São Paulo reforça que esta é uma greve ilegal e abusiva, a qual torna refém a população que precisa do transporte público. (1/15) pic.twitter.com/G0ToDH88lA
— Governo de S. Paulo (@governosp) October 2, 2023
Ainda, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), também realizou comitiva de imprensa para se manifestar pessoalmente a respeito da greve. Assista a partir de 1:17:
Coletiva sobre a greve do Metrô, CPTM e Sabesp.
— Governo de S. Paulo (@governosp) October 3, 2023
https://t.co/f96kKaycTm
Segundo o ex-ministro, a questão a respeito das privatizações foi uma de suas principais promessas de campanha e, sua eleição, representa que a vontade do povo paulista é a favor desta pauta e que é desnecessária qualquer atuação sindical no sentido contrário.
“A privatização foi decidida nas urnas”, disse o governador.
Início da greve
A ação de paralisação e tumulto dos sindicatos já havia sido antecipada pela comentarista política, Steh Papaiano, quando se iniciava dentro do curso de letras da Universidade de São Paulo (USP). Leia:
Eu estou vendo o pessoal postar hj “estudantes da USP entram em greve” e em certa medida a galera subestimando isso daí, vamos a alguns fatos:
— Steh Papaiano (@Steh_Papaiano) September 28, 2023
1 - Essa “greve” sobrevém faz umas 2 ou 3 semanas já;
2 - Começou no curso de letras (fflch) e teve até algumas cenas hilárias:…
Greve orgânica?
Ainda, Steh questiona as verdadeiras motivações da greve que, apesar de estar travestida de reivindicações trabalhistas, se mostra com uma manifestação política que recebeu o apoio de todo o movimento comunista internacional. Veja:
Essa greve é orgânica sim viu, ABRAÇA… é um locaute dos serviços públicos com apoio internacional… .@tarcisiogdf PRIVATIZA TUDO pic.twitter.com/jmNl30GPin
— Steh Papaiano (@Steh_Papaiano) October 3, 2023
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