BRASIL

Greve no metrô de São Paulo tem cunho político e prejudica os verdadeiros trabalhadores

João Pedro Magalhães · 3 de Outubro de 2023 às 18:33 ·

Segundo o governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos), as privatizações foram uma de suas principais promessas de campanha e sua eleição representou que o povo paulista é a favor desta pauta. Segundo o ex-ministro, é completamente desnecessária qualquer atuação sindical e grevista no sentido contrário

Nesta terça-feira (3), funcionários da Companhia de Saneamento Básico do estado de São Paulo (Sabesp), do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) iniciaram uma paralisação grevista em protesto contra a política de privatizações do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). O movimento, instigado por estudantes da Universidade de São Paulo (USP) e com o respaldo da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ganhou força rapidamente e suspendeu, desde o início da madrugada, o funcionamento de quase todas as linhas de metrô da capital.

Sob os mesmos argumentos de sempre, que denunciam tarifas elevadas e a deterioração na qualidade dos serviços prestados, que seriam em decorrência da privatização, os grevistas alegam lutar em nome do povo e dos trabalhadores. Contudo, quando se examina a realidade das empresas já privatizadas no Brasil, esses argumentos se mostram completamente falaciosos.

Neste contexto, é importante ressaltar que os verdadeiros trabalhadores – aqueles que, supostamente, são defendidos pelos sindicatos – são os que mais sofrem com a atual paralisação, perdendo um dia de trabalho devido à interrupção dos serviços de transporte público.

Ainda, é evidente que essa greve não está relacionada a reivindicações trabalhistas legítimas, mas sim é impulsionada por uma pauta ideológica que se opõe às políticas do governador eleito. Sob essa perspectiva, as manifestações se configuram como ilegais e trazem tumulto à vida dos cidadãos paulistas.

Pauta ideológica

Dois funcionários da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) lançaram um vídeo nas redes sociais onde admitem que a greve que ocorre nesta terça-feira tem motivação política. Os sindicalistas afirmam que a paralisação tem como objetivo impedir que o governador paulista, Tarcísio de Freitas, avance com sua proposta de privatização da empresa de transporte e associam sua postura ao bolsonarismo.

"Essa unificação da luta é muito importante para que a gente consiga derrotar o plano privatista do Tarcísio, o herdeiro do bolsonarismo aqui de São Paulo", declara um grevista do Metrô.

O registro mostra Guilherme Sena, operador de trem e diretor do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, ao lado de Roberto Morato, que se apresenta como funcionário do Metrô. A filmagem acontece em frente às catracas da estação Ana Rosa, que atende as linhas 2-Verde e 3-Azul.

A dupla enfatiza que às 4h50 da manhã desta terça-feira já estavam realizando piquetes, bloqueando a entrada para impedir que funcionários que não apoiam a greve assumam seus postos de trabalho.

Veja:

 

Apesar da greve ser no sentido oposto, os sindicalistas do Metrô apenas evidenciam que o serviço não foi completamente interrompido graças à ação da iniciativa privada. As linhas 4-Amarela, 5-Lilás, 8-Diamante e 9-Esmeralda, operadas por concessionárias privadas, funcionam normalmente desde o início da manhã de terça-feira e não prejudicaram o expediente de nenhum trabalhador.

Enquanto isso, representantes do Psol elogiaram a greve no Metrô, na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e na Sabesp, em São Paulo, mesmo diante do caos no trânsito e das multidões paradas em frente às estações.

Deputados federais de São Paulo, como Guilherme Boulos, Sâmia Bonfim, Érika Hilton e Ivan Valente, demonstraram apoio aos grevistas. "São Paulo está em greve!", exclamou Sâmia.

Érika Hilton, um homem que se diz mulher, também incentivou a paralisação, pedindo que outras categorias se unam à causa.

Ela afirmou: "Todo meu apoio à greve dos funcionários do Metrô, da CPTM e da Sabesp. A reação dos trabalhadores das estatais é necessária e pelo bem de todo o Estado de São Paulo, assim como a dos estudantes, docentes e técnicos-administrativos das universidades estaduais."

Enquanto Érika Hilton acredita que a política de privatização resultaria na dilapidação do patrimônio público, o governador enfatiza que as linhas privatizadas atualmente têm proporcionado um serviço eficiente, o qual continua em operação normal nesta terça-feira.

Ele também reiterou seu compromisso com o projeto de privatização durante sua campanha ao governo.

Enquanto a greve continua, as imagens nas redes sociais se multiplicam mostrando trabalhadores parados em frente às estações fechadas, lamentando a perda de um dia de trabalho.

Guilherme Boulos

Conforme aponta Rodrigo Constantino em sua coluna na Gazeta do Povo, a greve atual é apenas um vislumbre do que poderá acontecer caso o candidato comunista Boulos assuma a prefeitura de São Paulo - uma candidatura prevista para 2024.

Boulos acusou o governo estadual de inflexibilidade ao rejeitar a proposta de liberar as catracas, apoiada pelos sindicatos grevistas, alegando que essa recusa foi o fator determinante para a paralisação.

Por outro lado, o governador já havia explicado que a liberação das catracas representaria um risco para a segurança da população, pois poderia resultar em correrias e movimentações descontroladas, especialmente devido à greve dos funcionários.

A decisão de não permitir a catraca livre recebeu respaldo do sistema judicial. O desembargador Celso Ricardo Peel Furtado de Oliveira, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), proibiu essa liberação, argumentando que "a arrecadação pela prestação de serviço público não se enquadra nos direitos do exercício do direito de greve, e concedê-lo representaria uma séria ameaça à ordem econômica". O pedido pela catraca livre havia sido feito pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo, e o TRT-2 também negou a mesma solicitação feita pelo grupo.

Apesar desse cenário, Boulos continua a se recusar a aceitar a decisão e se mantém como um dos principais impulsionadores da atual paralisação, que é considerada ilegal e prejudicial para os cidadãos da capital paulista.

Veja sua declaração teimando e motivando as manifestações caóticas e criminosas desta terça-feira:

Governo de São Paulo

Diante das declarações das lideranças sindicalistas e do caos instaurado nos metrôs paulistas, o perfil oficial do estado de São Paulo se manifestou em repudio à atual situação .

"É importante esclarecer que a greve não foi convocada para reivindicar questões salariais ou trabalhistas, mas p/ que os sindicatos atuem, de forma totalmente irresponsável e antidemocrática, para se opor a uma pauta que foi defendida e legitimamente respaldada nas urnas", publicou o perfil.

"É por meio do processo de escuta de diálogo das desestatizações que os sindicatos contrários devem se manifestar, de forma democrática, convencendo atores políticos e a própria sociedade de que a proposta do Governo de São Paulo não é a ideal. Infelizmente, aqueles que deveriam representar os trabalhadores preferem agir de forma truculenta, promover o caos e prejudicar toda a população.", repudiou a administração.

Veja:

 

Ainda, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), também realizou comitiva de imprensa para se manifestar pessoalmente a respeito da greve. Assista a partir de 1:17:

Segundo o ex-ministro, a questão a respeito das privatizações foi uma de suas principais promessas de campanha e, sua eleição, representa que a vontade do povo paulista é a favor desta pauta e que é desnecessária qualquer atuação sindical no sentido contrário.

“A privatização foi decidida nas urnas”, disse o governador.

Início da greve

A ação de paralisação e tumulto dos sindicatos já havia sido antecipada pela comentarista política, Steh Papaiano, quando se iniciava dentro do curso de letras da Universidade de São Paulo (USP). Leia:

 

Greve orgânica?

Ainda, Steh questiona as verdadeiras motivações da greve que, apesar de estar travestida de reivindicações trabalhistas, se mostra com uma manifestação política que recebeu o apoio de todo o movimento comunista internacional. Veja:

 

 


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