POLÍTICA

Ex-líder do PT no Senado critica foco do governo em pautas econômicas e falta de debate sobre segurança pública e questões sociais

Luís Batistela · 9 de Julho de 2024 às 10:10 ·

Contarato ressalta que suas observações não têm encontrado respaldo dentro do PT. 

O senador Fabiano Contarato, ex-líder do Partido dos Trabalhadores (PT) no Senado, criticou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva por focar exclusivamente na articulação de pautas econômicas no Congresso e por não se envolver em debates sobre segurança pública e questões sociais. De acordo com Contarato, a postura adotada pelo Palácio do Planalto resultará em um “custo muito alto” para os aliados nas eleições de 2026.

“Eu não concordo com essa posição do governo. Se a gente não pautar temas como segurança pública, a direita pauta da pior forma que puder. A gente tem que avançar nessa pauta, exercer um protagonismo de forma responsável”, afirmou em entrevista ao Estadão publicada nesta terça (9).

O senador argumenta que a segurança pública deva ser tratada como prioridade pelo atual governo, visto que a oposição obteve vitória com a restrição de saídas temporárias, as “saidinhas”, e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que criminaliza o porte de drogas. “Esse é um tema [segurança pública] que tem que entrar no debate do governo, sob pena de ter um ônus a carregar. Eu não quero pagar por isso, por isso tenho feito esse enfrentamento”, disse.

No entanto, Contarato ressalta que suas observações não têm encontrado respaldo dentro do PT e na bancada do partido no Senado. “Queria que tivesse mais a percepção de que é urgente. A população só adere a esse discurso populista porque está fragilizada”. Em relação às questões sociais, Contarato posiciona-se contra a redução da maioridade penal, mas pondera que não seria “razoável um adolescente que pratique um ato infracional com violência ou ameaça grave ficar no máximo três anos em internação”.

“O que era antes a corrupção, agora é a segurança pública. Essa é uma boa reflexão. Por que as pessoas, se você falar em castração química, aplaudem? Pena de morte, prisão perpétua? Fico estarrecido. Porque a população se vê vulnerável e se vê violentada na liberdade de ir e vir. Ela se agarra naquilo que acha que é o mecanismo mais imediatista”, concluiu.

 


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