CRISTOFOBIA

Ditadura de Ortega toma colégio católico e mais três freiras podem ser expulsas do país

Rhuan C. Soletti · 1 de Junho de 2023 às 10:55 ·

O polícia de Daniel Ortega justificou a ação truculenta contra as religiosas dizendo que as autoridades querem apenas revisar a documentação da escola

A ditadura comunista comandada pelo amigo de Lula, Daniel Ortega, na Nicarágua, tomou posse de um colégio católico à força, e três freiras estrangeiras, da Congregação que administra o colégio, estão a ponto de serem expulsas do país. Segundo os jornais locais e moradores, a polícia do regime ditatorial invadiu o Colégio Santa Luísa de Marillac na madrugada da última quinta-feira (29). A insituição é a única escola secundária no município de San Sebastián de Yalí, no departamento de Jinotega.

A escola, onde cerca de 100 alunos estudam, é administrada pela Congregação Filhas de Santa Louise de Marillac no Espírito Santo, foi fundada em 1992.  

Segundo a imprensa local, a polícia justificou a ação truculenta dizendo que as autoridades querem apenas revisar a documentação da escola. O município de San Sebastián de Yalí fica localizado a apenas 50 quilômetros de distância de Sébaco, no departamento de Matagalpa, onde o sacerdote Jaime Iván Montesinos Sauceda, da paróquia San Juan Pablo II, foi preso na semana passada.

Reprodução/Google Earth

“É uma escola pequena, mas com uma longa história e muito prestígio”, disse um morador de San Sebastián de Yalí ao jornal local. “Existem aproximadamente seis freiras, incluindo uma velha cega. Elas têm sido muito boas, muito solidárias com os pobres do bairro e nunca tiveram problemas com ninguém, pois são muito Deus”, completou o morador.

Com a tomada de posse da escola, a ditadura da Nicarágua aumenta o número de instituições religiosas fechadas ou apossadas, além dos religiosos presos. Além disso, recentemente outras freiras foram expulsas pelos comunistas, bem como universidades católicas foram fechadas.

Hijas de Santa Luisa de Marillac

Cristofobia

Em 23 de maio, a ditadura sanguinária de Ortega prendeu o sacerdote Jaime Iván Montesinos Sauceda, da paróquia de San Juan Pablo II, em Villa Chagüitillo, município de Sébaco, na diocese de Matagalpa, um dos departamentos mais afetados pela repressão de Ortega à Igreja Católica. O fato ocorre em um contexto de perseguição e detenção de religiosos no país.

Uma semana antes, alguns dias após a Assembleia Nacional da Nicarágua anunciar a dissolução da Cruz Vermelha, a ditadura de Ortega ordenou o fechamento de duas universidades ligadas à Igreja Católica. O regime da Nicarágua acusou as duas instituições de “descumprimento” das leis. Segundo Ministério do Interior, o fechamento se deu por "dissolução voluntária". Ao todo, Ortega fechou 17 universidades privadas nos últimos 16 meses.

Jaime Iván Montesinos Sauceda ao lado de dom Rolando José Álvarez Lagos, bispo de Matagalpa. Ambos estão presos por críticas ao regime de Daniel Ortega

Da mesma forma, o regime ordenou o encerramento das atividades da Fundação Mariana de Combate ao Câncer no país, também vinculada à Igreja Católica, “por não prestar contas de sua diretoria há mais de quatro anos e de suas demonstrações financeiras por exercícios fiscais há mais de 11 anos”.

As tensões entre a Igreja Católica e o governo aumentaram em 2018, quando vários templos católicos deram abrigo a manifestantes feridos nos protestos históricos contra Ortega. Segundo informações do Vatican News, recentemente, duas freiras costarriquenhas da Congregação Dominicana da Anunciação foram expulsas do país.

Isabel e Cecília trabalhavam em um abrigo para idosos na Fundación Colegio Susana López Carazo e foram forçadas a deixar a Nicarágua na quarta-feira, 12 de abril.

O governo comunista já havia confiscado o mosteiro das monjas trapistas em San Pedro de Lóvago, uma região montanhosa na Nicarágua central. A administração da entidade religiosa foi entregue ao Instituto Nicaraguense de Tecnologia Agrícola. As freiras trapistas já haviam abandonado o mosteiro em 24 de fevereiro. A anulação do status jurídico das Missionárias da Caridade, fundadas por Santa Madre Teresa de Calcutá, permitiu ao governo de Ortega expulsar as religiosas em julho de 2022.

Durante a Semana Santa, o padre Donaciano Alarcón, missionário claretiano panamenho, também foi expulso por rezar pelo bispo da Diocese de Matagalpa, dom Ronaldo Álvarez. Condenado a mais de 26 anos de prisão pela ditadura de Daniel Ortega, dom Ronaldo estava em prisão domiciliar desde 19 de agosto de 2022.

Além das expulsões e confisco de propriedades religiosas, o regime comunista impôs restrições severas às celebrações da Semana Santa. Eventos públicos tradicionais de Páscoa foram proibidos resultando no cancelamento de mais de três mil procissões em todo o país. Aproximadamente 20 cidadãos nicaraguenses foram presos durante o período.

Monitoreo Azul y Blanco, grupo independente e interdisciplinar que monitora ocorrências de violações dos direitos humanos na Nicarágua, registrou 71 ocorrências durante a Semana Santa, entre os dias 1 e 9 de abril deste ano. Os registros incluem ameaças, coação, detenções, cercos a templos religiosos e repressão migratória.

Os cristãos da Nicarágua foram proibidos de celebrar publicamente a Semana Santa, que termina em 9 de abril. Por ordem o ditador Daniel Ortega, atividades religiosas públicas estão proibidas há meses "por razões de segurança". 

Nesta Páscoa, festas dos santos padroeiros, procissões e a Via Crucis na Sexta-feira Santa só puderam ser realizadas dentro das igrejas e em recintos especiais. Com uma população de 60% de católicos, Ortega proibiu mais de três mil celebrações de rua.

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