Conservador e neoconservador: diferenças
O neocon é movido pelo seu próprio interesse, jamais por um interesse comum. Ele apenas se afirma como conservador, mas de fato não é
De alguma forma, muitos já estão cansados de saber (e outros, de não saber) o que é o conservadorismo.
In a nuthsell, o conservadorismo é uma disposição para a ação baseada única e exclusivamente na essencialidade da defesa da vida humana. Com isso, o conservador é geralmente o “chato de plantão” que é contra o aborto, contra o desarmamento e favor do grau máximo de liberdade de expressão e de imprensa.
Para garantir a defesa da vida humana o conservador se cerca de dois institutos sociais: os negócios e a família. É pela família que o conservador cultiva os seus valores de liberdade e lealdade, expandindo-os para o clã, para uma tribo e para uma nação inteira.
Isso leva o conservador a ser refratário, por exemplo, à tal ideologia de gênero (que não pode ser confundida com a prática do homossexualismo em si mesma). Ao ser refratário (e não “reacionário”) à ideologia de gênero, o conservador não deseja vê-la transformar-se em política de Estado, embora como fenômeno social seja inegável o homossexualismo que dá base a essa ideologia e seus praticantes, por sua vez, dignos de proteção como qualquer outra pessoa sob qualquer outra opção ou orientação sexual – dentre elas, a mais verdadeiramente digna e que pode, de alguma forma, ser alçada a verdadeira política de estado seria a opção celibatária. Ao contrário do homossexual ou do heterossexual praticante, o celibatário tem uma quase certeza de maior vulnerabilidade e solidão em seus anos de senilidade, do que um homossexual, ou ainda um heterossexual.
O mesmo raciocínio pode ser transposto para as políticas identitárias de raça, que nada se relacionam com a “questão racial” em si, mas sim com a aceitação de uma posição política marxista demarcada pelos estereótipos de raça. Sérgio Camargo, da Fundação Palmares, seria a pessoa mais indicada para explicar como um negro é perseguido por não agir como negro dentro do estereótipo racialista da cartilha marxista.
Já é pelos negócios que a lealdade social propõe intersecções extra-familiares. O famoso fio do bigode ocorre quando se testa a dignidade e a segurança de um meio social. Uma sociedade em que os praticantes de negócios não têm palavra será necessariamente uma sociedade doente e bastante febril.
Uma sociedade em que prevalecem a defesa do empreeendorismo, da liberdade de contratar e das liberdades de iniciativa e não-intervenção estatal nos negócios tem tendência muito mais forte a desenvolver raízes éticas e de comportamento social bem mais sofisticadas do que em um país de “ladrões de galinha”. Pergunte a um japonês e ele lhe explicará isso com bastante clareza.
E é por isso que o conservador é tão severamente preocupado com o estado mínimo e com a redução da carga tributária, muita vez até mais do que o diz ser um liberal de tanga ou de gravata borboleta (Novo e PSDB, respectivamente ou vice-versa).
Nada disso foi tirado da cartola. Para quem leu o Virtude do Nacionalismo de Yoram Hazony, num átimo lembrará do capítulo 11 da obra.
E em relação ao neocon? O que o move?
O neocon é movido pelo seu próprio interesse. Jamais por um interesse comum. É importante reconhecer que ele não é um conservador. Ele apenas se afirma como conservador, mas de fato não é...