JEFFREY EPSTEIN

Clinton, Michael Jackson e Stephen Hawking têm nomes ligados ao traficante sexual Jeffrey Epstein

Rhuan C. Soletti · 4 de Janeiro de 2024 às 12:01 ·

Pela primeira vez, o sistema jurídico oficialmente revela esses documentos, embora grande parte da informação já tenha sido divulgada anteriormente por meio de entrevistas à imprensa e outros canais

Foram divulgadas publicamente, na quarta-feira (3), centenas de páginas de documentos relacionados ao caso do traficante sexual Jeffrey Epstein, que se suicidou em 2019. As primeiras páginas liberadas dos documentos mencionam cerca de 200 nomes, entre eles: Príncipe Andrew, da Inglaterra, e o ex-presidente norte-americano Bill Clinton. Outros nomes, como Donald Trump, apenas citado como conhecido de Epstein, Michael Jackson, David Copperfield e Stephen Hawking, também foram revelados, aumentando o escândalo do caso.

No entanto, destaca-se a revelação do depoimento de Johanna Sjoberg, uma das mulheres que trabalhou para Epstein, mencionando pressões para realizar práticas sexuais. Pela primeira vez, o sistema jurídico oficialmente revela esses documentos.

O sigilo que envolvia os documentos relacionados ao caso Epstein, mantido para proteger a confidencialidade dos nomes vinculados, foi alterado devido a um processo judicial movido por Virginia Giuffre contra Ghislaine Maxwell, amante e parceira de negócios de Epstein e uma das principais denunciantes do caso.

Virginia Giuffre, de 39 anos, acusadora no processo judicial de 2015, alega que Epstein e Maxwell a teriam traficado para abusos sexuais quando ela tinha 17 anos. Embora o caso tenha sido resolvido em 2017, o juiz determinou, em audiências realizadas em 2021 e 2022, que os nomes na lista do casal não permaneceriam sigilosos indefinidamente.

Em 18 de dezembro de 2023, a juíza Loretta Preska, da cidade de Nova Iorque, EUA, determinou que os documentos, totalizando mais de 943 páginas, fossem tornados públicos. Ela argumentava que "não havia justificativa" para manter os documentos selados. Muitos dos nomes no processo já haviam sido previamente identificados publicamente durante o julgamento envolvendo Maxwell, segundo a juíza. 

Entretanto, os nomes associados a vítimas menores permaneceriam em sigilo. Os primeiros documentos foram revelados, e a expectativa é que mais sejam disponibilizados nos próximos dias.


Os nomes

Em um testemunho, Sjoberg relata que, em 2001, o  príncipe Andrew , irmão do rei Charles III, a apalpou enquanto posavam para uma fotografia no apartamento de Epstein em Manhattan. Anteriormente acusado por Virginia Giuffre de abuso sexual, o príncipe Andrew, embora tenha negado as acusações, chegou a um acordo judicial com a acusadora. O Palácio de Buckingham recusa-se a comentar os novos documentos, alegando não falar em nome do príncipe Andrew.

No depoimento fornecido por Sjoberg, emerge o nome mais controverso:  Bill Clinton . De acordo com informações da rede ABC News, o ex-presidente aparece 50 vezes na lista, utilizando o codinome "John Doe 36" – algo como "Fulano de Tal". Sjoberg relembra uma conversa que teve com Epstein durante o período em que trabalhava para o magnata.

"Ele disse-me uma vez que o Clinton gosta delas jovens, numa referência às meninas", descreve o depoimento. Questionada sobre a natureza da relação entre Epstein e Clinton, ela respondeu que compartilhavam "negócios" em comum. Um representante de Clinton deu entrevista à CNN, alegando que “já se passaram quase 20 anos desde a última vez que o presidente Clinton teve contato com Epstein”. Importante notar que Clinton não enfrentou acusações relacionadas ao multimilionário.

Outro nome mencionado por Sjoberg no depoimento é o de  Donald Trump . Contudo, a ex-funcionária de Epstein recorda que foi apenas uma menção por Epstein. Durante um voo no jato privado do magnata, os pilotos precisaram de pousar em Atlantic City. Epstein sugeriu, então, que aproveitassem a paragem para entrar em contato com Donald Trump. "O Jeffrey disse: Ótimo, vamos ligar ao Trump e vamos – não me lembro o nome do casino, mas vamos ao casino", relata Sjoberg. Ela esclarece que não teve qualquer contato sexual com Trump, e o ex-presidente dos EUA não está envolvido em nenhuma irregularidade no caso Epstein.

Outra menção é assustadora: o físico ateu  Stephen Hawking . Ele é citado num e-mail enviado por Epstein a Maxwell em 2015. Na mensagem, o magnata afirmava que recompensaria quem provasse que as acusações apresentadas por Giuffre à justiça norte-americana eram falsas.

A acusação mais forte, entre todas, é o jantar do Clinton e a história de que Hawking participou numa orgia com menores. De fato, o cientista teria estado numa ilha com Epstein em 2006, num evento financiado por Epstein. Até o momento, não há mais referências ao nome de Hawking, que faleceu em 2018. Piadas surgiram na internet, mas já foram desmentidas.

Nos documentos, também são mencionados o rei do Pop,  Michael Jackson , e o mágico  David Copperfield , por testemunhas. Ambos teriam sido avistados em residências de Epstein, no entanto, não há relatos que os vinculem a qualquer atividade criminosa.


Entenda

Jeffrey Epstein / Internet

A Ilha de Epstein, também conhecida como Little St James, é uma ilha particular localizada nas Ilhas Virgens Americanas. Ela foi comprada pelo financista Epstein em 1998 e se tornou conhecida como o local onde ele praticava crimes sexuais, incluindo tráfico de menores e abuso sexual.

Segundo relatos de vítimas e testemunhas, Epstein costumava levar jovens mulheres e meninas menores de idade para a ilha, onde as submetia a abusos sexuais. Ele teria usado sua riqueza e influência para atrair as vítimas e forçá-las a participar de atividades sexuais.

Epstein foi preso em 2019 por acusações de tráfico sexual e abuso sexual de menores. Ele foi encontrado morto em sua cela na prisão em agosto de 2019, em circunstâncias que ainda são investigadas. A ilha tem cerca de 28 hectares e é cercada por praias, florestas e montanhas. Ela possui uma série de estruturas, incluindo uma casa principal, uma casa de hóspedes, um heliporto, um cais e uma piscina.

Após a morte de Epstein, a Ilha de Epstein foi colocada à venda. Em 2022, ela foi vendida por US$ 100 milhões para um grupo de investidores anônimos. Teorias diversas são ainda debatidas, em tentativas esforçadas e relacionar alguns políticos famosos e até a Disneylândia com as atividades de Epstein. 

O novo proprietário da ilha afirmou que pretende transformá-la em um resort de luxo. No entanto, a venda da ilha gerou polêmica, com muitos criticando a ideia de que o local possa ser transformado em um local de lazer. A "Ilha de São Tiago" é um símbolo de um dos maiores escândalos sexuais da história recente. 


Veja mais

 


"Por apenas R$ 12/mês você acessa o conteúdo exclusivo do Brasil Sem Medo e financia o jornalismo sério, independente e alinhado com os seus valores. Torne-se membro assinante agora mesmo!"



ARTIGOS RELACIONADOS