HERDEIROS DE MAO

China, coronavírus, petróleo e bolsas: o que você ainda não entendeu?

Evandro Pontes · 9 de Março de 2020 às 17:55 ·

Tudo aquilo que você precisa saber sobre a crise provocada deliberadamente pela ditadura chinesa

A relação entre esses temas é absolutamente simples e a catástrofe nos mercados financeiros atingindo um ponto de inflexão real nos funamentos da economia mundial é absolutamente óbvia.

Trata-se de mais um capítulo da guerra comercial entre EUA e China que, diga-se, não começa com Trump, mas sim com Obama.

Obama graciosamente abriu os braços (também as pernas) para a economia chinesa em seu início de mandato. Ao longo do mandato, um leve afastamento de coxas virou um spacatto e a balança comercial dos EUA, bem como o parque industrial americano, sofreu as consequências.

Trump não foi eleito apenas para resolver isso, mas foi eleito por causa disso.

Não havia alternativa a Trump que não fosse enfrentar o problema.

Pois bem – Trump fez o que ele mais sabia fazer: transformar uma suposta guerra tarifária em uma disputa de negociação estratégica. Usou todas as suas “alavancagens” para mudar o rumo desse avanço chinês sobre a economia americana.

O detalhe é que Trump foi treinado num ambiente com regras e limites, a saber, o universo dos negócios e da Justiça americana.

Com a China ocorre exatamente o inverso: como se trata de um dos mais sanguinários e desonestos regimes políticos da História, acumulando nesse regime do comunismo de Mao algo que supera os 70 milhões de mortos, regras e limites são coisas a que a China definitivamente não dá a menor bola.

O primeiro passo dado pela China, logo que Trump foi eleito, deu-se na direção do regime político: em abril de 2018, Xi Jinping, com apoio de Hu Jintao e Wen Jiabao, tornou-se líder absoluto da China, à frente do regime fundado pelo maior sanguinário de todos os tempos, Mao Tsé-tung.

A consolidação política foi passo necessário para retomar um regime maoísta que havia sido alterado por Deng Xiaoping no fim dos anos 70 e início dos anos 80. E a consagração deu-se na medida em que apenas o aspecto político foi recuperado, deixando a China, sob o prisma econômico, sob o mesmo regime de ordocapitalismo recheado por “campeões nacionais” em parceria com o Estado Comunista.

Esse regime político-jurídico-econômico é exatamente o mesmo que foi bolado por Enrico Corradini, que em 1922 em seu livro L’unità e la potenza delle nazione retirou do aspecto socialista a questão da classe, reformulando o imperialismo de outrora para um neoimperialismo baseado na aliança local entre líderes sindicais e alguns empresários. Essa foi a essência do regime fascista, copiado por Hitler e depois por Franco (o líder das JONS – Juntas de Ofensiva Nacional-Sindicalista), assentando o regime nos seguintes pilares: (i) líder fixo com características imperiais absolutas; (ii) estatização da média economia; (iii) parceria entre o público e o privado nos grandes empreendimentos com uso largo das sociedades de economia mista; (iv) adoção de uma pseudo-economia de mercado mesclada com um capitalismo de laços, onde a colaboração dos empresários, que se tornam monopolistas em seus mercados de atuação, asseguram a permanência do tirano no poder e, em troca, o tirano assegura o regime de monopólio para o supercapitalista, que o financia.

Esse regime foi consolidado na China naquele início de 2018 como resposta à eleição de Trump.

 

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