A vitória internacional do PT
Ao final de 2018, o PT parecia ter chegado ao fundo do poço: depois de ter sofrido um impeachment e de ter seu líder preso por corrupção, o candidato mais antipetista da campanha chegava à Presidência. No entanto, pouco mais de um ano depois, o PT está aos poucos voltando ao jogo, contando já com uma vitória significativa: ele conseguiu emplacar sua versão da história recente na mídia internacional.
Essa vitória do PT não deveria ser uma surpresa. O PT é a frente partidária de um amplo movimento de esquerda, com presença fortíssima nas universidades, nos jornais e na classe artística. Décadas de hegemonia esquerdista resultaram na geração de inúmeros “quadros” prontos para ajudar o movimento e em uma penúria de alternativas à direita. O PT tem à sua disposição, portanto, uma ampla infra-estrutura cultural capaz de produzir e divulgar sua versão dos fatos em uma escala imensamente maior do que qualquer coisa que uma nascente e improvisada direita nacional jamais poderia fazer.
Embora a nova direita tenha conseguido utilizar as redes sociais para contornar essa infra-estrutura em uma série de vitórias políticas impressionantes, é imprudência achar que a mesma jogada continuará funcionando indefinidamente. A esquerda de 2018 era um oponente frágil, curvado sob o fardo de uma pesada crise econômica e uma série de escândalos de corrupção. A esquerda de 2020 virá com novas roupas: mais distante da crise, eles se apresentarão como heróicos defensores da democracia que foram expulsos temporariamente da política por uma onda de autoritarismo.