O menino gritou que o rei está nu
O Brasil só será salvo se houver um punhado de homens dispostos ao sacrifício pela verdade
Acho que vocês, meus sete leitores, conhecem o conto sobre o rei que desfilou sem roupas pelo seu país, uma história imortalizada pelo escritor dinamarquês Hans Christian Andersen. E imagino que vocês também devem saber que a farsa coletiva — pois todos no reino tinham medo de dizer a verdade — só foi desmascarada quando um menininho gritou:
— O rei está nu!
No Sermão da Montanha, Jesus diz: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus”. Se levarmos em conta a interpretação dos doutores da Igreja, veremos que há um vínculo entre o centro da consciência (o coração, no sentido bíblico) e a evidência dos sentidos. “Puro de coração” é aquele que se submete humildemente à realidade. Quem ama a Deus, ama a verdade – por mais áspera que ela seja. Por exemplo: se estou vendo um homem diante de mim e, por medo, digo que ele é uma mulher, estou faltando com a verdade e, portanto, estou ofendendo a Deus.
Reconhecer a verdade exige sacrifícios — em última instância, o sacrifício da própria vida. O Brasil só será salvo se houver um punhado de homens dispostos a esse sacrifício. Na última terça-feira, o jovem deputado Nikolas Ferreira mostrou que pode ser um desses homens, ao dizer:
“Não há mais o que se fazer, essa é a realidade. Nós não precisamos de mais leis, mais projetos, mais PECs. Nós precisamos de homens com virtudes, homens de coragem. Não há meios legais contra uma tirania. A letra fria da lei não resolve mais”.
O rei está nu: não temos mais leis no Brasil. Os únicos regramentos válidos no país são aqueles que habitam a mente dos chefões da aliança PT-STF, sob o patrocínio das gloriosas Fraquezas Armadas. É natural que os tiranos odeiem e censurem a verdade: afinal, o seu poder está baseado naquilo que existe nas suas mentes – mais conhecido como mentira.
Olavo de Carvalho ensinou uma das regras essenciais do meu ofício: “Fale e escreva com o coração nas mãos”. Na terça-feira, Nikolas demonstrou ter aprendido essa lição do professor.
*******
Enquanto Nikolas falava a verdade na Câmara, um bando de militantes de extrema-esquerda tentou invadir o plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo, durante a votação do projeto de privatização da Sabesp. O espetáculo de ódio e truculência da esquerda deixa bem claro: para eles, o dogma central da política é destruição do oponente. Se tivesse oportunidade e meios, essa gente mataria sem piedade qualquer um de nós. Aquele jovem soldado da PM, sangrando após ser atingido por um golpe na cabeça, é a imagem do que a esquerda pretende fazer com quem lhe contraria.
Que ninguém se iluda: a aparente vitória da direita em São Paulo pode amanhã ser revertida por qualquer militante de toga. Afinal, como disse o Nikolas, leis não adiantam nada no Brasil atual. Só vale o que está na mente dos ditadores.
Na Alesp, tivemos a expressão do ódio esquerdista de uma forma direta e ruidosa. Nos altos tribunais e gabinetes do poder, esse ódio é, digamos assim, filtrado por rituais burocráticos. Foi assim que eles mataram Clezão e estão matando o Coronel Naime – e amanhã matarão qualquer um de nós.
A não ser que apareçam alguns homens de coragem.
– Paulo Briguet é escritor e editor-chefe do BSM. Autor de O Mínimo sobre Distopias.
"Por apenas R$ 12/mês você acessa o conteúdo exclusivo do Brasil Sem Medo e financia o jornalismo sério, independente e alinhado com os seus valores. Torne-se membro assinante agora mesmo!"