A Suprema Corte e o processo do Texas
Braulia Ribeiro, colunista do BSM nos EUA: “Ao contrário do que parece à primeira vista, a decisão do tribunal mostra a força da estrutura republicana no país”
Algumas pessoas se escandalizaram com os problemas ocorridos nas eleições americanas do mês passado. Houve fraudes em estados decisivos. Algumas delas foram primárias: jogar fora cédulas válidas, tirar observadores do partido oposto da sala e votos falsos. Ainda está por ser comprovadas a fraude mais sofisticada, como a que possivelmente afetou as máquinas da Dominion. As cortes continuam trabalhando com o caso, e ainda vamos ver o que a próxima semana nos trará. Vale também dizer que as fraudes não foram generalizadas como alguns têm sugerido. Nos Estados Unidos, é praticamente impossível uma fraude em massa, como pode acontecer no Brasil e acontece sistematicamente em outros países de nosso continente. As verificações de fraudes nos EUA têm que se dar precinto eleitoral por precinto eleitoral ― e isso toma muito tempo. Mas o próprio caráter descentralizado do sistema ― que permite a cada distrito utilizar um sistema distinto ― torna impossível uma fraude em massa.
A lentidão das verificações de fraudes não é, ao contrário do que pensam alguns, um sinal de que a democracia na América está decadente. Paradoxalmente isso mostra a força da estrutura republicana americana. O respeito ao due process é a essência da democracia americana. A lei ainda é soberana. Democratas ou republicanos estão sendo julgados segundo a lei, e este não deixa de ser um saldo positivo das eleições de 2020.
O famoso sistema de “pesos e contrapesos” ainda está firme e forte. Desenhado há mais de 200 anos, revela-se ainda um sistema eficaz que força a estrutura à transparência e prestação mútua de contas entre os seus diferentes poderes...