A guerra e a paz de Sara Winter
Há 5 anos, a história de Sara Winter, ex-feminista convertida ao catolicismo, despertou a minha curiosidade de repórter. Na época, ao final da entrevista que fiz com Sara, pensei comigo: “Mais do que uma matéria de jornal, essa vida daria um filme”.
Pois agora a trajetória de Sara realmente será transformada em filme, um documentário dirigido por Julia Sondermann e produzido por Matheus Bazzo, numa realização da Lumine TV, canal de streaming que já ficou conhecido como o “Netflix católico”.
O professor José Monir Nasser costumava dizer que as grandes histórias têm por finalidade ensinar-nos a ser pessoas normais. E é justamente esse o propósito do filme da Lumine: descrever o percurso de uma mulher que, partindo do radicalismo ideológico mais extremo, decidiu mudar de rumos para resgatar a normalidade da vida.
Militante pró-aborto e antirreligiosa, a jovem Sara denominava-se “sextremista”. Fundadora do movimento Femen no Brasil, era conhecida por suas performances sadomasoquistas com nudez e gritos de guerra. “Sara viveu na pele as demandas, os desdobramentos e as consequências desse radicalismo”, diz o produtor Matheus Bazzo. “Quando digo que ela viveu na pele, é no sentido literal, porque uma das solicitações de Sara consistia na suspensão corporal através de ganchos”. No longo inverno feminista de Sara, houve episódios terríveis de violência, desespero e morte. Como os personagens clássicos, ela desceu aos infernos e voltou para contar o que viu.
Quando conversamos, em 2015, Sara contou-me que o ponto de inflexão para a sua mudança de vida foram a gravidez e o nascimento de Hector Valentim, hoje com cinco anos de idade. “Quando ele nasceu, o mundo parou e eu só conseguia vê-lo, o amor voltou a correr nas minhas veias e pulsa forte até hoje, Mato e morro por causa dele.” Na época, essas palavras me fizeram pensar em outra Sara, a mulher de Abraão no Antigo Testamento, que ganhou a bênção da maternidade quando menos espera.
De feminista radical e defensora do aborto, Sara converteu-se à Igreja Católica e se tornou uma ativista pró-vida, tendo atuado por mais de um ano no Ministério dos Direitos Humanos, como assessora de Damares Alves. O documentário escrito e dirigido por Julia Sondermann, no entanto, pretende ir além das disputas ideológicas. “Sem cortes e sem censura, indo do feminismo à conversão, o filme revela o que está por trás da vida de Sara Winter e como é sua luta para reconquistar a regularidade da vida”, diz Bazzo. “O retrato de Sara Winter e os acontecimentos inusitados de sua história representam nossa crise civilizacional e nos dão a esperança de uma mudança de vida.”
“A Vida de Sara” tem estreia prevista para abril e será veiculado pela Lumine. No dia 8 de março, o canal lançará o trailer do documentário. Inscreva-se aqui para ver o trailer.