A fraqueza do lavajatismo
O caráter essencial do lavajatismo é uma mistura de paternalismo e ingenuidade política. Para a direita, abandoná-lo é uma questão de sobrevivência
Ao longo das últimas semanas, em uma série de artigos para o Brasil Sem Medo, tentei mostrar que a decepção com Sérgio Moro revelava um problema muito mais fundamental: a nova direita foi formada a partir do agrupamento improvisado de forças políticas distintas e contraditórias, unificadas temporariamente sob a bandeira do antipetismo. Na ausência do inimigo comum, a direita perdeu a coesão interna e seus diversos elementos entraram em conflito aberto.
O agravamento desse tipo de conflito era previsível antes mesmo das últimas eleições. O único elemento realmente surpreendente foi a velocidade com que o lavajatismo foi cooptado pelo estamento burocrático brasileiro.
Como expliquei nos artigos anteriores, o lajavatismo é a esperança utópica de substituir a dimensão política pela atividade judicial. Essa esperança nasceu, paradoxalmente, da hegemonia esquerdista: como o debate ideológico se tornara praticamente inexistente, os problemas nacionais passaram a ser atribuídos genericamente à corrupção. Por tabela, os procuradores e juízes se tornaram os novos salvadores da pátria.
No entanto, apesar dos méritos da Operação Lava Jato, a transposição desse espírito para o plano político é extremamente perigosa. Nesse artigo, concluo essa série mostrando que, além dos riscos à democracia discutido anteriormente, o lavajatismo tende a ser facilmente manipulado por outras forças políticas, servindo apenas como apenas um intervalo no retorno da esquerda ao poder...