BERNARDO KÜSTER SHOW

A ditadura não é relativa e já está entre nós; confira o 11º episódio do Bernardo Küster Show

João Pedro Magalhães · 18 de Julho de 2023 às 17:19 ·

O apresentador e diretor de opinião do BSM, Bernardo Küster, analisa a atual situação da ditadura venezuelana de Nicolás Maduro, da tirania anti-cristã da Nicarágua e do cenário político brasileiro

No décimo episódio do programa Bernardo Küster Show, o apresentador e diretor de opinião do BSM, Bernardo Küster, analisa a atual situação da ditadura venezuelana de Nicolás Maduro, da tirania anti-cristã da Nicarágua e do cenário político brasileiro, que em muitos pontos se assemelha às duas primeiras. 

Censura de Maduro

Com quase um século de funcionamento, a estação de rádio mais antiga da Venezuela, Radio Caracas Radio (RCR), anunciou o encerramento de suas aividades nas plataformes digitais no último dia 29 de junho. A rádio estava operando apenas por redes sociais depois que teve a licença cassada pela Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel), em 2019. O órgão de estado chavista é um instrumento de perseguição a opositores no país.

O fechamento da RCR representa mais uma perda significativa para a liberdade de expressão na Venezuela, que vem sofrendo com o fechamento de várias estações de rádio e bloqueios de portais de notícias nos últimos anos. 

Em sua análise, Bernardo Küster compara o caso da venezuela à história dos dirigentes do jornal Terça Livre no Brasil, que foram sendo sufocados até que tiveram todas as suas contas bloqueadas por decisão do min. Alexandre de Moraes. "Isso fez com que aproximadamente 70 funcionários, e famílias que dependiam deles, fossem colocados no olho da rua", relembrou Kuster.

Segundo o apresentador, a liberdade de expressão no Brasil já foi completamente abolida, mas a imposição ainda se "disfarça" com um suposto amparo jurídico e constitucional.

"O Brasil é um país que não tem mídia livre, toda a mídia está sob o 'olhar sanguinário do vigia'", afirmou Bernardo Küster em referência a completa regulação dos meios de comunicação e padronização das narrativas da mídia com o establishment

Leia também: Censurada por Maduro, rádio mais antiga da Venezuela é forçada a encerrar atividades.

Bispo condenado ao exílio na Nicarágua se recusa a deixar o país

Em fevereiro deste ano, o bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez foi condenado a 26 anos de prisão por “atos antidemocráticos”. O clérigo é acusado de atentar contra o regime de Daniel Ortega ao criticar publicamente o regime socialista do amigo de Lula.

No mesmo mês, o bispo se negou a abandonar a Nicarágua junto com outros exilados políticos. O nome de dom Álvarez constava na lista dos 222 presos políticos banidos da Nicarágua por Ortega, porém, o bispo não embarcou junto com os outros exilados.

No mês de julho, o bispo poderia teve uma nova oportunidade de ser solto e seguir para o exílio. A soltura do bispo seria resultado de um acordo entre o Vaticano e o regime totalitário comandado por Ortega. Contudo, de modo semelhante ao mártir e beato Aloísio Stepinac, Rolando recusou a negociação e preferiu ficar com o seu povo até o fim. 

Em dezembro de 2022, ao discursar durante uma cerimônia de formatura militar, Ortega atacou a Igreja Católica e confessou que nunca teve respeito pelos bispos. Responsável pela perseguição a padres, bispos e freiras no país, o ditador criticou a resistência de membros da Igreja ao seu regime, mas ainda afirmou ser "cristão".

Bernardo Küster exaltou a escolha e luta de dom Álvarez e reconheceu que essa "santidade" deve servir de exemplo para todos os cristãos.

"O que dom Álvarez disse? 'Não é justo que eu seja poupado do sofrimento enquanto o meu povo sofre. Ficarei aqui até o último homem.' Que inspiração, né? [...] Nós [cristãos] fomos forjados e crescemos no meio da perseguição. É excelente que a gente seja perseguido. Nós não desejamos a perseguição e rezamos para que tenhamos paz, mas uma vez que ela vem, nós dizemos 'Glória a Deus, porque os 'bundas' vão fugir com medo, e só vai ficar quem realmente está aos pés de Jesus", disse.

Leia também: Bispo Rolando Alvarez recusa negociação e decide continuar preso na Nicarágua.

Bolsonaro poderá sofrer novas condenações

Ao que tudo indica, após ser declarado inelegível até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente Jair Bolsonaro poderá sofrer nova condenação que o tire do jogo político por ainda mais tempo. O julgamento que será realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), poderá obrigar Bolsonaro a devolver aos cofres públicos os gastos com a reunião com embaixadores que o deixou inelegível por 8 anos no julgamento doTSE.

Na decisão do TSE, os 8 anos são contados a partir de 2 de outubro de 2022 (primeiro turno das eleições). Ou seja, Bolsonaro seria considerado elegível em 2030 porque a eleição deve ser em 6 de outubro – diferença de quatro dias. Contudo, com eventual decisão do TCU, os 8 anos valem a partir da data do trânsito em julgado (fim do prazo de recursos), o que levaria a inelegibilidade para além de 2031.

O processo deverá ser conduzido pelo presidente do TCU, ministro Bruno Dantas, um dos três mais cotados para ser o próximo indicado a ocupar uma cadeira no STF.

Bernardo Küster pontua a extrema coincidência entre o caso de Bolsonaro e de Maria Corina Machado, parlamentar venezuelana opositora de Nicolás Maduro, que foi condenada à inelegibilidade na mesma data da condenação do ex-presidente brasileiro.

Leia também: Inelegibilidade para além de 2030: Bolsonaro pode ser alvo de nova condenação no TCU.

O que é uma ditadura?

Na conclusão do episódio, Bernardo Küster analisa a definição de "ditadura" e relaciona com os principais eventos recentes do cenário brasileiro. Concentração de poder, supressão dos direitos civis políticos, ausência de eleições críveis e justas, restrições às liberdades de expressão e de imprensa e repressão à oposição são as principais caracterísitcas da definição. Contudo, de maneira brilhante, o apresentador mostra como esses fatores já fazem parte da política e cultura brasileira, mas muitas vezes passam despercebidos ou são mascarados pela grande mídia e pelo Estado.

Para conferir toda a detalhada análise do apresentador Bernardo Küster, assista o episódio 11 do Bernardo Küster Show, disponível para assinantes:

 

 


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