A depressão econômica é nossa vizinha – e numa rua sem saída...
Erros estratégicos na área econômica poderiam fazer de Bolsonaro, que começou como Trump, terminar como Macri
Durante a campanha em 2018, o então candidato Jair Bolsonaro, em temas relacionados à matéria econômica, desenvolveu a jogada de marketing eleitoral (brilhante, diga-se) do “Posto Ipiranga”.
Os controladores do Grupo Ultra (o verdadeiro dono da marca “Ipiranga”) devem ter gasto uma fortuna com a campanha publicitária “Pergunta lá no Posto Ipiranga”, bordão que remete à ideia de que o posto de combustíveis é capaz de resolver qualquer problema, não apenas os de abastecimento. O website do Ipiranga, inclusive, informa que a campanha publicitária alçou o posto Top of Mind, uma das mais altas comendas do meio publicitário.
Inteligentemente, o recado dado ao eleitor era de que Paulo Guedes, o seu “Posto Ipiranga”, gozaria de autonomia elevada (mas nunca absoluta) em assuntos econômicos. Bolsonaro quebrava com a autonomia absoluta ao estabelecer parâmetros seus para a atuação de Guedes: um deles, é de que ele era absolutamente contra a recriação da CPMF e favorável à redução da carga tributária no Brasil, cauteloso no tema das privatizações e entusiasmado com a agenda da chamada “economia liberal”.
Sinalizava, com um discurso duro em matéria de “ideologia de gênero”, “políticas identitárias e racialistas”, “segurança pública”, “políticas pro-vida”, ao lado de um discurso “reformista” e “fiscalmente austero” na economia, que sua fórmula era: ser agressivo nas pautas políticas e moderado nas pautas econômicas.
Eis que passados 20 meses de governo, Bolsonaro apresenta um twist tático quando passa a encampar um novo discurso, no qual se põe moderado na política e agressivo na economia.+